letra de miguel - caronte (prt)
desfeito na capela
mortuária, siamesa
no passado foi presente
mas presentemente
somos dois novamente
donzela:
foste comendo sem ter tento
o tenro pedaço que era eu
vulnerável depois dela
a alcunha que lhe deste
repito sem verbalizar
no nojo de me aproximar
do que és, de ainda cá estares
e o mеsmo sentes, seguramеnte
quando entro no teu cérebro
à hora de deitar
cemitério de cinza
e a nicotina
não acalma a apatia
nem a consegue afastar
desconfiança solene
que por baixo da epiderme
o meu nome ainda treme
nas tuas veias a pulsar
nostalgia como doce
antes fosse, o drama é cão
e ama até ao osso
eu não me esqueço
não posso
senão
ainda me afogo nesse poço
durante o sismo
ainda cismo
desfeito em cataclismo
permite-me a pergunta
se não for autismo
explica:
eras o anti-depressivo
do meu gene recessivo
mas falhaste em viciar
filme de domingo à tarde
foste tempo para passar
só tempo para passar
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