letra de quase - weis x joão tamura
[verso 1 – weis]
não me identifico aqui
não volto, eu marquei-te na vida
tu marcaste-me na foto
que tal encher o
copo e falar? é o ideal
o tema até posso odiar
já só me interessa um diálogo
eu ‘tou colado em tanger
mas se o futuro não der
é exagero se o futuro for igual ao teu
não quero (viver)
confere que isto só são patrões e pêgas
só ladrões e pegas numa liberdade
ditada por padrões e regras
em serões navegas e se pecas, põe-te a pau
não é em vão que eu vim para fora da porra da nau de noé
que morra num vale o ego
desisto porque o tempo é esc-sso
e vou escrever o livro
“como -ssumir a um filho um frac-sso”
último p-sso, último abraço para a nação
se és puro, a terra é espúria
e deus não -ssume a razão
mais uma canção sem dó
confia, vê
o que a vida te dá
e morre à espera do dia d
curtias ser
o português que todos seguem os p-ssos
e de que serve o mundo aos pés
se não tem ninguém nos braços?
procuro novos espaços
acabo nos lugares de sempre
tenho a vida a andar para trás
e vejo a morte à minha frente
é falta de estro? ou não presto, deste falta?
converso? não, convence-te
que eu só estou farto desta malta
que se exalta, se tens alta, ex
sim, só me queixo
gritam “volta weis!” e sem eixo eu fico
à volta de papéis
a roda solta mas eu deixo enquanto giro
o mundo gira, e eu dirigo enquanto giro
para fugir à pressão
de escrever um álbum num ano
vida ingrata, quando o meu pai diz
que eu ‘tou há um ano sem fazer nada
[verso 2 – joão tamura]
furiosamente sóbrio, a vida sem propósito
perdido de mim próprio, a rotina como um ópio
trabalho: tanto esforço. à parte como um louco
e se eu valho aquilo que ganho, sou -ssim tão pouco?
é a destruição do homem quando desce do prédio
vê-me a viver no escritório onde morrem os génios
e como andamos – nestes metros, autocarros
vê como nós estamos: tão cegos tão cansados
é a vida por turnos: mal vivo, mal durmo
mas debruço-me na arte um minuto…
tu não estás a entender, não é a fama nem a glória:
os raps que ouvi a crescer eram do kara e do ori
… disforme homem moderno
engole mais um inferno
a vida mais um dia neste ciclo tão eterno
sem magia na rotina e já se foi mais um inverno
… sem podermos falhar
e trabalhamos para viver ou vivemos para trabalhar?
e isto é ver o mar sem saber àquilo que soa
e nunca deveria doer tanto ser pessoa
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