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letra de o historiador reflete sobre o que estudou - vitor brauer

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– você deve se perguntar até onde você está disposto chegar pra poder conhecer o que acontece com você. há várias palavras que foram esquecidas por nós todos. mas que nunca deixarão de existir. dormir, morrer, desconhecidas por muitos, mas que ainda existem em alguns livros antigos. é isso o que eu sou, um homem que conhece livros antigos, que conhece palavras antigas, formadas em tempos ancestrais, forjadas em tempos e espaços antep-ssados. sei de sua confusão nesse momento. garanto que ela durará ainda algum tempo, mas é p-ssageiro, não se preocupe. você vai acabar esquecendo tudo isso, afinal, temos a vida eterna. em algum momento de nossa história, adquirimos a capacidade de viver eternamente. sei que essa é uma palavra também estranha, mas que você já consegue compreender o que ela significa, ainda que de modo superficial. você agora é um ser que conhece o conceito de tempo e que logo vai se questionar se o tempo desaparece. morrer. morrer não é senão desaparecer para outro. dormir e morrer, palavras sem uso e sem fim num tempo como o nosso. nossos antep-ssados viviam e morriam. viviam e desapareciam. e, embora você não saiba o que é morrer, embora vivamos eternamente, não há como negar a herança ancestral que recebemos. e que está nesses livros. e que está na arte. o que você ouviu, os sons ritmados e organizados que te tocaram e te mudaram é arte. a beleza que você p-ssou a sentir faz parte da arte, uma representação em um espaço e em um tempo, que se tornou cada vez mais complexa e que, um dia, acreditamos ser a eternidade do ser humano. sim, um dia acreditamos que a eternidade era conquistada pela arte, pelo medo que possuíamos da morte. medo de desacontecer para os outros. os sons que você ouviu e achou belos são música. seus sons organizados e ritmados são música. não há espaço para isso em uma sociedade como a nossa. sociedade, outra palavra. sociedade, um grupo de pessoas que vivem juntas e sem saber muito bem além do fato de que vivem juntas. você já se perguntou por que vive e encontra as pessoas que encontra? sim, eu sei, você é um homem sozinho. somos todos nós. não mais sentimos que pertencemos, no fundo, uns aos outros. que, sim, deveríamos encontrar as pessoas e com elas desenvolver nossa vida. me diz, alguma vez você sentiu amor? você não conhece o amor; tampouco eu. nossa sociedade aprendeu a afundar os sentimentos no mais fundo de nós mesmos. sentimos, sim, desprezo, carinho, nojo… mas esquecemos sentimentos que nos tornavam mais humanos uns para os outros. por isso, procuro palavras de outrora porque sei que elas ainda podem me fazer mais humano. e ser mais belo. isso que eu sinto pode ser considerado equivocado, ou mesmo, irracional. nos tempos em que as pessoas sentiam de fato, pensar -ssim era considerado romântico, piegas, não sei. em nosso tempo, em nossa sociedade, não é senão raro. raríssimo. sua experiência com a música te define agora como humano, sensível e confuso. pra mim, você é mais humano agora que a maioria de nós. ainda existem alguns de nós que possuem mínimos resquícios desses sentimentos do que você p-ssou a ter, embora não tão fortes quanto os seus. senso de humor, ódio, até desejo por algo. o que eu tenho são esses livros. você vai ter de decidir o que pretende ser a partir desse momento

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