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letra de poeta de meia tigela - vácuo

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[letra de “poeta de meia tigela”]

[verso 1]
sou poeta de meia tigela
esta sopa dá-me letras
escrevo barras nas costelas
tou sem força nas canetas
cuspo até apagar as velas
só pa ver se a luz se aguenta
chovem dicas na janela
quando as nuvens tão cinzentas
realidades paralelas
imagens doutros planetas
mensagens vêm das estrelas
mente aberta mas sem gretas
pensamento é a minha cela
abre e fecha, é uma gaveta
meto jarda nas canelas
style é fuga com muletas
cada passo tem uma sequela
cuidado onde metes os pés
o fracasso não revela
se és culpado por seres como és
voo no espaço, à manivela
logo nao perco a fé
nunca fui de andar de trela
dog à solta na maré
se rap é sujo
escrevo no teu papel higiénico
pq o papel que procuro
até hoje não deu crédito
enterrado dos pés a cabeça
cavei o meu próprio mérito
com a certeza
que o mais real em tempos hoje já é sintético
[refrão]
mas
nem dou o melhor de mim, já que é triste dá-lo
e parece que o meu caminho, é aquele que diz ‘o mal’
e que tal?
daqui só vejo merda, me’mo que aviste mal
aqui há muita pedra, e nenhuma é cristal

[verso 2]
tá dito
eu faço, não complico
sou sádico
e se há b-tch, há conflitos
só se for pa d-ck
e se há pitch
há conflitos
só se for de ouvidos
meus hábitos são com beats
tou com quem sabe isso
peace
pa quem não condena
visto que
isto ninguém pondera
pudera, se vens no meu caminho
estou com pena
e tu sabes
onde vais pôr a perna
se debruçares este tema
só não temas os pecados
sem problema, os culpados
estão em cena, tou focado
nesta merda sem escutar muitos rappers
pra mim chega, penso tanto
q a cabeça tem crateras
sem descanso
porque a sentença é severa (obrigado)
não agradeço nada
mano tanta gente que crava
eu apenas entro para
te ensinar a tempo de dar a
cara ao movimento, brotha
aguentas com o peso?
barras que atravessam mentes, caga
abana o membro e sente..
[refrão]
nem dou o melhor de mim, já que é triste dá-lo
e parece que o meu caminho, é aquele que diz ‘o mal’
e que tal?
daqui só vejo merda, tu só viste mal
aqui há muita pedra, e nenhuma é cristal

[bridge]
e nenhuma é cristal, mano nenhuma é cristal
e nenhuma é cristal, mano nenhuma é cristal
e nenhuma é cristal, mano nenhuma é cristal
daqui só vejo merda, e que tal?

[verso 3]
vai mais um verso?
enquanto cuspo, faz o inverso
engole tudo até sentires o prego
ou mandares um grego
deita tudo cá para fora, blahhhhh…é isso mesmo
mais vale deixar a cena toda, do que guardá-la para sempre
sou viciado em matar beats
componho uns, mas mato os de outros
real sh-t, se faço uns gigs, faço uns trocos
não é disto que vivo, mas vivo isto como um sufoco
aprendi com muito para puder desperdiçar tão pouco
sa foda o estado em que isto está
porra, neste lado, só vim cubar
a minha força passa por quem vive cá
só sigo as notas, fácil, dó ré mi fá
não me importa se acabo com isto
tipo já
alma alastra medo, calma, relaxa e sente
nesta mente nenhuma sala tem paredes
fantasmas correm por prazer
meu karma foge do meu ser
lá tem que ser, tou pra ver
se a minha própria sombra se atreve a passar-me a frente
trago a alma calejada e o coração confuso
não apago nenhum trauma, vejo imperfeição no escuro
dou uso a cada palavra com a intenção de abuso
neste mundo nada me falta, se não me faltar tudo
burro de carga, carrego o peso do que vivo, a sério
cuspo barras que por vezes nego ter escrito por tédio
cá em casa poucos param, muitos querem saltar do prédio
tenho a verdade na cara, sou o vácuo não há remédio
se há mistério, aqui acaba resolvido
não há prémio, pra mim basta ser ouvido
resumindo muito rápido, deixo escrito só naquela
repito tudo até ser clássico, poeta de meia tigela

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