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letra de um pião de vida loka - trilha sonora do gueto

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[intro: karate e cascão]

—mano, vou falar com o cascão
—alô
—e aí, jão?
—e aí, boka?
—firmeza
—aí, o boka, é o seguinte, já já eu falo com você aí
cê ta na diogo aí?
—tô
—e que eu to enquadrado aqui
aquele polícia daquele tático lá de novo
os cara tá me enquadrando aqui
e o seguinte já já eu falo com você
deixa os cara termina os serviço deles, que é a cara deles, né, mano, e depois eu vou colar na diogo aí
—firmeza, vou ficar aqui esperando aqui
—então falou
—falou
—aí
—ham?
—se eu p-ssar mais de meia hora sem ligar você da um toque no telefone aí, que você tá ligado que eu não confio nesses cara aí, não
—não esquenta, você tá mais ou menos onde?
—eu to tipo aqui perto do marisalva no campo limpo
—firmeza, falou
—falo…

—e aí, jão, os cara te soltaram?
caraio, meu, tá tipo pé de urso
não pode andar pra lugar nenhum que você toma enquadro, meu
—aí, pior que se o problema fosse eu ainda ia mano, que eu tenho um monte de p-ssagem mesmo e eu não tenho opção. o foda é que os cara embaçou na bombeta e na camisa da vida loka
os cara tá achando que o bagulho é facção de crime, esses bagulho aí, mano
não sei qual é que é, mas aí, mas tá pela ordi
—mas é -ssim mesmo, a inveja é foda
—tô vivão, vamo viver

[verso 1: cascão e policial]
ser vida loka é, né, jão, né fácil não
as vezes na diogo se pá até na fundão (que tem?)
tô enquadrado com a mão pro alto
gambé ainda vem falar que eu sou forgado
o meu boné já pede pra olhar:
—e aí, neguinho, e a facção como é que tá?
—aí, chefão, a fita é o seguinte
só tenho a dizer que 19 num é 20
e facção é coisa de escadinha
eu sou periferia, do capão só faço a minha
tô num role voltando pra minha casa
tava curtindo um baile lá no asa
—no asa branca de pinheiros?
algema o neguinho, steve, é maloqueiro!

o preconceito já volta a imperar
gambé olha pra mim, pra vê se eu vou gelar
—cê tem p-ssagem, tem dvc, quadrilha vida loka, né, neguinho? ce vai vê!
na madrugada, só eu e deus
nenhuma testemunha pra falar o que aconteceu
a fé de jó derruba até montanha
gambé na nóia olha pra outro e se estranha
não sei dizer, mano, qual é que é!
só sei que deus é mais, eu tô vivo pela fé
aquela noite tava macabra
puta gambé zica ele não se conformava
que eu num role tava saindo fora
e eu pra atacar, sai gingando até umas hora

[refrão]
sou vida loka, jão, daquele jeito
neguinho de favela pros coxinha eu sou suspeito
é vida loka, na mó moral
invejoso perde a linha, pé de breque p-ssa mal
é vida loka, jão, daquele jeito
neguinho de favela pros coxinha eu sou suspeito
sou vida loka, jão, na mó moral
neguinho de favela que as menina paga um pau

[verso 2: karate, cascão e policial]
10:20, nego, na leste noturna
bola que bola um plano, quem quer fortuna?
luxo pra coroa e uns pano da hora
bright nu pulso e uns malote de dólar
um impala na garage, nego, novinho
estilo vida loka pra atacae o zé povinho!
—então cola com ele
que eu quero vê, que cor que ele é? e o vidro? é degradê?
se deu mó sorte hein, uma cara de dólar!
reúne a família abastece e sai fora…
—não vou me joga, preciso fica!
na leste eu nasci, a leste é o meu lugar
i.. vo desliga! uma barcona colo, aí, já vai enquadra
—que carro bem loko hein! é seu? cê pagou?
—que nada, chefão, herança do meu avô!
cê faz sua cara! que eu preciso ir!
os mano da sul tá esperando por mim!
—qru, steve, é new por aqui!
aí, neguinho, pegou mó boi, pode ir!
—nessa hora a gente vê chefão
se vale a pena ser um vida loka ou robozin do sistema!

[refrão]
sou vida loka, jão, daquele jeito
neguinho de favela pros coxinha eu sou suspeito
é vida loka, na mó moral
invejoso perde a linha, pé de breque p-ssa mal
é vida loka, jão, daquele jeito
neguinho de favela pros coxinha eu sou suspeito
sou vida loka, jão, na mó moral
neguinho de favela que as menina paga um pau

[verso 3: cascão e policial]
as mina da quebrada fala que eu pareço mal
é, será que é isso que elas pagam um pau?
só sei que eu me pergunto, então, cê quer o que?
cê tem conceito, muié e proceder
-“você é vida loka e canta rap, cê é foda
acho que é isso que as mina se empolga!
será que se não fosse tudo isso era -ssim?”-
sai, invejoso, dá uma arruda aí pra mim
aqui é vagabundo e vida loka até umas hora
se ocê não leva a mal, eu tô saindo fora
liguei o golfão 00 gti
—aí, neguinho, encosta ai!
dic-mento, rg e hibilitação, se num tive em punho, rá, pro camburão
aqui eu falo cê escuta, eu sou otoridade
uma mentira de farda vale tipo 10 verdades
—então neguinho, vida loka, cê não era todo pan?
pagava de guerreiro, de rapper do amanhã
dá uma olhada na quadrada, que tá engatilhada
e se eu pá na sua, cabeça ocê num vale mais nada
ai cê vai se vida loka,lá no céu que é a sua cara
junto com dimas, bob marley, malcom x, che guevara
—ai seu, guarda, dá licença!
agora eu posso me expressar?
quem sou eu? quem é você? pra querer alguém julgar?
aprendi que o ser humano nunca sabe o amanhã!
hoje tudo hopi hari, depois bom dia vietnã!
se ocê pensa que é deus para tudo comandar
eu que sou o zé ninguem que com nada quer ficar
mas não sabe os comandante o que sabe o zé ninguem
que quer queira quer não queira vamos todos pro além!
o além é um mistério e quem vai nos responder?
eu sou tudo, não sou nada! diga então quem é você?
se disser-mes que é deus, eu não vou acreditar!
porque se você é deus, quem está no seu lugar?

[refrão]
sou vida loka, jão, daquele jeito
neguinho de favela pros coxinha eu sou suspeito
é vida loka, na mó moral
invejoso perdi a linha, pé de breque p-ssa mal
é vida loka, jão, daquele jeito
neguinho de favela pros coxinha eu sou suspeito
sou vida loka, jão, na mó moral
neguinho de favela que as menina paga um pau

[verso 4: karate e mulher]
—ei, karate, cê deixa eu ir?
já faz algum tempo que eu gosto de ti
falei pra minha mãe pra gente casar
agora mudei e não sou mais de ficar!
—cê gosta de mim? ou do meu malote?
eu vou desligar, eu tô achando que é trote!
lembra quando eu não era lembrado na quebrada?
andava de havaianas e de bermuda rasgada?
você olhava só pros bunda lelê, agora vem de agamamou pro karate

[refrão]
é vida loka, é, né, jão, daquele jeito
neguinho de favela pros coxinha eu sou suspeito
é vida loka, jão, na mó moral
invejoso perde a linha, pé de breque p-ssa mal
é vida loka, é, daquele jeito
neguinho de favela pros coxinha eu sou suspeito
é vida loka, jão, na mó moral
neguinho de favela que as menina paga um pau

[outro]
cuidado que a mulher moderna gosta é de carro e de dinheiro… segura a nega, meu
como já dizia a minha velha vó
“macaco velho não bota a mão na c-mbuca”

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