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letra de nada a temer - subtil

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[verso 1]
desde a primeira sessão
que relato em primeira mão
uma pulsação aos saltos
altos voos sem sair do chão
eu sempre ouvi boatos ingratos
daquilo que os outros são
tenho [lidação?] com poucos
e sigilo na ligação
existe um nilo que nos separa
e o nilo não é solução
tu queres a pele do crocodilo
e eu uma reptilização
se eu refilo, é falta de educação
eu não oscilo, boy nem vacilo
fio-me pela tradição
eles rezam para ver se descarrilo
mas lido bem com a pressão
eu nunca fiz nada daquilo para obter atenção
sempre vive sob tеnsão, eu vi a vossa intenção
e entеndi que por aqui
só se fores filho do patrão
eu partilho, planto a fé
fora da organização
sem favores da santa sé
vou a pé para a minha estação
tenho nas fontes um tomé que me guia
na escuridão que me vigia
enquanto eu subo o pé de feijão do joão
[refrão]
eu vim sem nada a temer
caminho é um, mas há tanta estrada por conhecer
se parar é morrer
eu vou correr até alguém me apanhar
eu fico bem só por cá estar

eu vim sem nada a temer
caminho é um, mas há tanta estrada por conhecer
se parar é morrer
eu vou correr até alguém me apanhar
eu fico bem só por cá estar

[verso 2]
viajo no beat, reajo ao que vivo
motivo é o mesmo todos os dias
já tive a força, a minha esperança que me lança
por entre as guias
vi a da esquerda, vi a direita
respeita o chão que tu pisas
o diabo também é crente e está presente em todas a missas
não oiço notícias, farto de balelas
eles querem trelas em tudo que morda
quem viu o mundo atrás de uma janela
tem na secretária um caralho que a foda
cá fora a vida não poupa
demora para ser lucrativo
eles querem que o benfas ganhe ao arouca
enquanto eu só quero uma tuga livre
eu tive planos para a fuga
ajudei é que eu nunca tive
mas o jogo muda, fé no meu buda
e não me deixo a cena cativo
eu vivo no ativo e é 100%
só para o que importa realmente
constantemente na linha da frente
a minha missão é ser combatente
a minha decisão é ser leal à vertente leal
à minha gente perdido no litoral
escondido no sítio de sempre, com o vício de sempre
[refrão]
eu vim sem nada a temer
caminho é um, mas há tanta estrada por conhecer
se parar é morrer
eu vou correr até alguém me apanhar
eu fico bem só por cá estar

eu vim sem nada a temer
caminho é um, mas há tanta estrada por conhecer
se parar é morrer
eu vou correr até alguém me apanhar
eu fico bem só por cá estar

[verso 3]
dou a dica no cuz’, eu vou no meu bus
a fazer o lance por todo o lado
se alguém der a chance
eu vou no balanço até conduzir um articulado
e se alguém me ouvir
até parece que tou a conseguir tirar um bom ordenado
mas um gajo mente
é melhor seguir, rir e fingir que é bem pago
não me preocupo com trabalho
não falho no que me mandam fazer
a vida é love meu puto, e os ricos nunca o vão ter
só peço saúde, a atitude é o escudo certo
na hora h não há deus que ajude a encontrar água no deserto
eu já vi o fim de perto
mas no fim vim a pé com o dread
a foder os sinais de trânsito
tinha uns 17
até hoje eu sigo o cântico semântico
é tudo orgânico
lusitânico, e que este atlântico inspira o meu rap
inspira o meu verso
enquanto eu converso comigo próprio
eu falo para dentro, f-ck you
e o sangue corrói o ódio
uns quantos estão na zona
só para ver passar o comboio
só para dizer mal dos outros
só p’a aparecer no episódio
[refrão 2]
não tive sorte no amor
nem sorte no jogo
não sinto dor ao primeiro corte, eu corto de novo
eu corto a alma, corto o corpo
pouco a pouco vou dar o meu sangue
até me faltar o fôlego

não tive sorte no amor
nem sorte no jogo
não sinto dor ao primeiro corte, eu corto de novo
eu corto a alma, corto o corpo
pouco a pouco vou dar o meu sangue
até me faltar o fôlego

[verso 4]
da maneira que a dor vem, também vai
só não consigo ser bom ator
e fingir as merdas
e acabo por ferir as pessoas que me querem bem
porque nunca fiz as escolhas certas
o ser feliz depende de ti
pensa e para
eu parei e pensei, escrevi com lágrimas na cara
borrei a folha toda
agora a tinta não agarra
as palavras que eu sinto, enquanto a solidão me ampara
quem me encara, repara
pergunta “joão mas que vida é a tua? não paras e quando descansas, acordas com a lua”
eu tou sempre bem, boy
a vida continua
nem que seja no mesmo bairro às voltas na mesma rua
fui de cá de baixo
dum fogo cruzado, dum campo minado
onde não tens voto na matéria
por causa da idade
onde a escolaridade são matérias com pouca verdade
acabas a faculdade, caixa de supermercado
talentos desperdiçados, eu já vi uns quantos
uns quantos manos dobrados, roscados, jogados para canto
por isso aproveita o teu dom
no desenho, no som
garanto que criar algo grande não custa assim tanto
acredita, nunca pares, já alguém deu essa dica
não te percas nos olhares que trocas com outro dinheiro
aprende a ser verdadeiro, todos te dão essa dica
quando enganas os outros, enganas-te a ti primeiro
e eu nunca fui de ouvir dicas ditas por um parceiro
tenho de ir, vir, cair, levantar-me dos erros
é tanta merda escrita
que eu já nem sinto o cheiro
mas sinto na pele a consequência dos exageros
a vida é vida no dia em que tu entenderes
aceitares que tudo um dia chega ao fim
dei voltas entre o bem e o mal
tristezas, prazeres, sem saber que o fundamental
estava em mim
há quem diga que sou talentoso
há quem diga que sou preguiçoso
há quem diga que sou perigoso
mafioso quando a verdade é que eu sou de pele e osso
suor e esforço
até hoje ninguém teve mão no cabrão do moço
a cota está feliz
diz que a mais baixinha esmerou-se
conseguiu meter-me na linha
desviar-me da linha que todos cheiram
só com aquele perfume que ela trouxe
terminei o esboço, agora dou uso à arte
no palco as veias saem do pescoço como se fosse ataque
cardíaco mas tenho as forças do zodíaco comigo
a guiarem-me por toda a parte

[refrão 2]
não tive sorte no amor
nem sorte no jogo
não sinto dor ao primeiro corte, eu corto de novo
eu corto a alma, corto o corpo
pouco a pouco vou dar o meu sangue
até me faltar o fôlego

não tive sorte no amor
nem sorte no jogo
não sinto dor ao primeiro corte, eu corto de novo
eu corto a alma, corto o corpo
pouco a pouco vou dar o meu sangue
até me faltar o fôlego

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