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letra de cada um por si - sistema negro

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[verso 1]
família pobre, dignidade tem de sobra
apesar de -n-lfabetos, esse -ssunto não os incomoda
a mãe cuida da casa, se empenha o mais que pode
só problemas, dificuldades, a cabeça quase explode
e -ssim sobrevive, como manda o figurino
sem imaginar qual sua sina, enfim, o seu destino
quem ganha pouco, faz milagre, só se fode
enquanto o pai trabalha, o irmão mais velho deita e dá um bode
ele não herdou o velho em matéria de trabalho
se viciou em cocaína, conheceu uma mina… com quem teve um pivete
para a alegria do pai, pois sempre quis ter um moleque
o menor da casa se liga em televisão
e te diz de traz pra frente os horários diários da programação
seis horas da tarde a mãe escuta um barulho então
pressentindo algo, ela escuta abrindo o portão
dois homens mal encarados, calibres pesados
dispostos a tudo e o resultado
a mãe ferida não entendia nada
enquanto os dois elementos fugiam em disparada
o seu filho tinha entrado numa treta errada
conheceu pessoas más que conquistavam o seu espaço à bala
e começou a perceber o esquema da vila
malandro que é malandro na área não vacila

[refrão x2]
aqui, meu irmão, é cada um por si
mesmo se sei, não sei; se sei, digo “não vi”

[verso 2]
desta vez o mano escapou por pouco
foram 15 tiros de pt, destino: meio do coco
a mãe não entendia o porquê da situação
“meu filho, não” – então um tiro
a conclusão dos fatos foram dados como esquecidos
fodidos estavam, estavam, estavam fodidos
a coleta do dinheiro se tornou uma penitência
cada vez exigem mais e haja paciência
os móveis então começaram a ser vendidos
e o filho cada vez mais acuado em todos os sentidos
surgiu então um problema
os móveis estavam acabando
o que fazer? estava armado um esquema
se sentindo ameaçado ele chegou a uma conclusão
a parada é comigo, não é, não?
minha família não tem nada a ver com isso
segurando um terço, no olho, a lágrima e o olhar fixo
“filho não vá, não quero perder você
se você for, eles irão te matar”
ele diz à mãe: “se tem que ser agora, agora será!”
abre a porta, desarmado, sem saber o que esperar
atravessa a doze no cruzamento perto da favela
ninguém entende nada, essa é a lei
ninguém pretende ser o próximo, falei
mataram aquele mano bem na frente da sua mãe
no matagal coisa e tal, o corpo se decompõe
pergunto pra que rezar, se lamentar?
talvez seja o motivo, sabe o cara (hei hei) pra sobreviver

[refrão x2]
aqui, meu irmão, é cada um por si
mesmo se sei, não sei; se sei, digo “não vi”

[verso 3]
quem era o cara responsável pela morte ocorrida?
descarregou sua pt na tora, jogou em cima
o cara nem teve tempo de pensar
segundo uma testemunha que não quis se identificar
caiu já morto para o desespero da sua mãe
que não quer vingança, mas no braço o filho expõe
a coisa mais importante da sua vida
entrou no caminho errado, não teve alternativa
pisou na bola, b-m, morre! esta é a lei!
quem será o próximo? eu? você? não sei

[refrão x4]
aqui, meu irmão, é cada um por si
mesmo se sei, não sei; se sei, digo “não vi”

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