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letra de quebrada queer - quebrada queer

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letra de “quebrada queer” com guigo, murillo zyess, harlley, lucas boombeat & tchelo gomez

[verso 1: guigo]
não atura, fecha a firma, bonde das femininas
que vem de strike a pose direto das revistas
mas é revista fina, não vem de ti-ti-ti
se não aprendeu com elas, isso é cultura queer
vem aplaudir
batendo palma, eu te vi resistir
mas vi daqui
que enquanto você chora, eu canto pra subir
se a minha pele é o que incomoda
eu te convido a vir vestir
mais quente que o saara
eu queimo o céu e faço o mar abrir
prepara os doce que a festa não parou por aí
alice guél hitou mandando um “deus é travesti!”
segura o queixo que esse trecho é feito pra engolir
mas se o efeito causou medo, é hora de fugir
só mais um trago desse amargo que eu vivi
contando as notas chora que hoje eu vou sorrir
de batom preto pro velório ou enterro
vê nas manchete e pede pra eu não ter que repetir

[verso 2: murillo zyess]
vida cinzenta seguida de um longo inverno
muito bem preenchida somente com amor materno
entrando em paz com todos meus sentimentos internos
desvio de alguns crentes que dizem que eu vou pro inferno
é que um leão por dia me fez um guerreiro
não tô disposto a me calar pra agradar terceiros
por existências que tavam trancada em cativeiro
herança disso tudo é paz e eu sou herdeiro
subestimado desde meu primeiro verso
eles disfarçam bem, são tipo lobo em pele de cordeiro
mas tô atento, pra opressor eu não disperso
minhas rima: inseticida; preconceito deles: formigueiro
mcs de verdade não desejam
sociedade sem diversidade
recupere o seu bom senso
repense bem os fundamentos sendo verdadeiro
vai ter bicha no rap sim, eu nem sou pioneiro
é que eu já disse, tô bem pleno
sou problema tipo venom
e esses cara acha que é rap porque tão rimando (não, mano)
vou ter que usar do meu veneno
pra falar do que eu tô vendo
suas ideia é tipo nemo e eu tô procurando (cadê? cadê?)
nóis tá aqui por cada bicha com a vida interrompida
por causa de h0m-fobia, ódio, intolerância
resistimos no dia a dia pra poder chegar o dia
que prevaleça respeito, igualdade e esperança

[verso 3: harlley]
já tenho o caminho
agora eu quero ver quem tá somando por mim
tô no meu destino
quem constrói os degraus sabe que não vai cair, bem
não há rola nesse mundo que nos proíba de ocupar
não há mano nessa cena que tente nos silenciar

cê trombou com as bicha errada e agora vai ter que escutar
esse é só o primeiro desabafo que tá entrando pra história
e com certeza o meu pai não ia se orgulhar
e mesmo -ssim eu vou falar
por mim e todos que hoje eu tô pra representar
e eles vão me julgar
sempre vão me julgar
mas nas minhas crises nenhum deles vai me abraçar então

sigo cantando e armado
trampando pesado
medindo um dia ser lendário
não p-sso pano pra otário
e mesmo ameaçado serei cada vez mais viado
quebrando armários, extermínio à normatividade
revolução, bicha preta se amando de verdade
botando fogo nas regras dessa sociedade
vai falar mal, mas vai -ssistir à nossa liberdade
vamo -ssistir você ouvindo nossa realidade
tirando nossas capas de invisibilidade
as mona unida pro combate e olha no que deu
se quer verso com m-ssagem, parem de socar os meus

[verso 4: lucas boombeat]
de onde eu vim, é fome e medo de ficar na mesma
não caber na própria casa, sai pro mundo e não cabe no mundo
não cabe em verso cada tapa, momentos, fraqueza
muitos anos de revolta desse jogo sujo
não é guerra do s-xo, h0m-fobia chama
at-tude que brota de manos, minas e monas
sem torcer o nariz
meu rap que clama a soma
rap de bicha preta
boombap enlouquece, toma
anos p-ssaram, panos p-ssaram pros seus vacilo
momento propício, raro e claro, não espere elogio
é hip-hop responsa no mic, hype e flow sem letra é flop
não pode com nóis, engole, tamo vivo
estamos no mapa
e não somos a caça
de cara com a morte
seus bando de white people problems
cês não me comovem
em choque porque somos ibope
e eu quero é que se foda
mas se não me beija, não fode (you know?)
minha vida sou eu quem canto
nossa vivência quem sabe é nóis
intérprete da minha história, honro a trajetória
ninguém me dá voz, eu já tenho voz
somos um só, vocês quem dividiram
por fatos no qual não te atingiam
bando de fã encubado
sigo honrando meu legado de nascer viado
onde piso é solo fértil, sangue derramado

[verso 5: tchelo gomez]
(tchelo, tchelo, ãh)
me empoderei, vai vendo
pro sistema eu não me rendo
que impõe “é isso, aquilo”
sabe o que eu faço? aquendo
não vim só pra cantar
nem vou me redimir
vim jogar na sua cara o que cê diz ser mimimi
segura meu flow
aguenta meu bonde
nóis trampa com soul
num aguenta, se esconde
pantera negra eu sou
não devo, mas cobro, honey
no afrontamento eu vou
b-tch better have my money!
t-c-h-e-l-o
então bota pra fuder
cê quer meter gostoso
mas se enruste atrás do altar
não vem meter o louco
se não gostar, sai fora
saída é logo ali
se fica, cai de boca e vai ter que me engolir
na escola cês zoavam
hoje cês batem palmas
e eu que dou risada quando paro pra pensar
o quanto me tiravam
só por ser diferente
mesmo sem entender o que viria pela frente
mais nada me abala
por isso eu mexo a raba
enquanto você desaba e observa o poder
só vendo as bil
crescendo, estourando a mil
e ocupando esse brasil
ué, cade você? sumiu!

[saída: tchelo gomez]
amor não é doença, é cura
não é só close, é luta
então, vê se me escuta
aceita, atura ou surta

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