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letra de fósforo - pecaos

[letra de “fósforo” com pecaos]

[verso 1]
“se eu não viver disso eu me mato”, ele diz
depois de um desabafo, ele foi
eu fiquei preocupado, mas não disse
bolei outro tabaco, fui pra luta
hoje cedi pro meus vícios
entrei na própria carapuça
o inconsciente e seus vestígios
meus amigos na laputa
sonhos mocado na gruta
isso é só um prefácio
não quero entrar na disputa
não gosto de nada que é fácil
aqui o buraco é mais em baixo, mano
não nos coloca em caixas
neguinho, valorize os caixas
neguinha, vai dar tudo certo
nem tudo que cabe, encaixa
mas tudo que força uma hora quebra
e assim voltamos a mesma moeda
quem muito releva, se leva
quem muito se expõe, impõe
e quem muito se opõe leva pedra
por isso tá tudo uma merda
situações que avista alaga
lições que a vida nos prega
alusões que condizer com praga
situações que me parecem cegas
e assim segue a nossa saga
[verso 2]
quem dispara a flechas explana sua posição
a razão nem sempre tem razão
coração não se usa com todos
foi o que eu disse
mais uma das minhas tentativas de escapar disso aqui
pra mim distrai, pra não destruir
o que construí, mas não consegui
e me deparei com aquele que sou
e me comparei com aquilo que era
fui injusto no meu julgamento
eu lamento por ser tão confuso
que pra mim é só o meu raciocínio
sem domínio é o que movimenta
tudo aqui é o que parece correr lento
é que tá perto é longe de tá dentro
denso

[verso 3]
se eu tivesse morrido naquele enquadro
ou se eu entrasse no carro do mano breaco que eu jurava que era boleia
ou ramelado no dia que eu tinha responsa de subir no palco
o que hoje eu seria? o futuro é coisa séria
histeria coletivo quando se toca no assunto
se a fé move montanhas então imagine pessoas
nós precisamos de força
então cedemos a crença
e no fim ficamos juntos
quem sabe compressa
toda tribo tem sua lista de regras
pre requisitos e suas sentenças
então não ache que a sua é só coincidência
vítimas da circunstância, filhos da inexperiência
pai da devota arrogância ou da suposta inocência
curvas que alteram o destino do acaso
tudo trauma voltaremos a infância
distância e descaso
limites e destroços
se é tudo nosso então né diga o que é meu
ou melhor, me diz o que é seu
mas o que literalmente é seu
não o que a grana te deu
nem pessoas e nem deus
pra novos homens existem velhos inimigos (não há)
fui claro? (fui) mas interpretado errado
cada janela é uma vista eu sei, mas mesmo barco é o caralho
[verso 4]
deixaram rastros e nos colocaram signos
não que acredite em astros
aprecio a força de símbolos
não repare em semáforos
porque não tem um carro
vá como fumo cigarro
reparo na ponta do fósforo
não acho que viemos do barro
quem evita colisão, colide consigo quando a luz não bate
segundo equinócio
maturidade, entendo sua motivação
mas entenda minha simplicidade
ou viveremos nessa frustração

- pecaos

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