letra de corre. da morte - papillon
[letra de “corre. da morte”]
[verso 1]
(drena) no kibidi, na coloba
no kibidi, na coloba, no kibidi, na coloba
olha o toque do cota bolota, no kibidi, na coloba
(xé) no kibidi, na coloba (xé) no kibidi, na coloba
olha o toque do cota bolota
ainda não é fim de semana, mas já ‘tou de folga
nada p’ra fazer em casa, mas hoje na zona tem boda
tive que ir p’ra lá sozinho, mas encontrei lá os meus brothas
não bebo jola nem vinho, mas hoje até brindo e entro na roda
(drena) no kibidi, na coloba
no kibidi, na coloba, no kibidi, na coloba
olha o toque do cota bolota, no kibidi, na coloba
(xé) no kibidi, na coloba (xé) no kibidi, na coloba
olha o toque do cota bolota
ela viu-me a passar e veio minha direção
eu disse: “eu não sei dançar”, ela disse: “eu também não”
ficámos a conversar, rolou um clima, aproximação
‘tava a tudo a bater até a bófia bater na porta
acabou a diversão
[bridge]
desde gaiato a viver sob essa pressão (woah, woah)
obrigado a saber o que é supеração (woah, woah)
tiro no escuro não é só força de exprеssão
livro de história não conta a nossa versão
lembro que o cota disse:
“filho tu presta atenção, tu tens que ter noção que—”
[refrão]
um n-gga corre da morte
todo o dia, todo o dia, todo o dia, todo o dia
um n-gga corre da morte
todo o dia, todo o dia, todo o dia, todo o dia
um n-gga corre da morte
todo o dia a morte diz: “corre, n-gga”
todo o dia a morte diz: “corre, n-gga”
todo o dia a morte diz: “corre, n-gga”
[verso 2]
essa corrida é vitalícia, é comer à pressa
enquanto o cota manda vir com as notícias
diz que a vida não é só delícias
há que lutar p’a ser alguém porque p’a nós não há justiça
a ver se ele acabava a missa, eu respondi:
“ok, pai, vou bulir” e fiz-me à pista
é sempre o mesmo filme “hasta la vista”, mais que fazer da vida
se achas que a vida é foda, sem bules ainda é mais fodido
atrasado, mas não vou dar razão p’a ser despedido
então sigo o meu caminho o mais rápido que consigo
sou cercado pela bófia, e do nada, eram quatro ou cinco
fardados de mão no cinto, me abordam bem agressivos
e um diz: “você está detido” e eu nem sei o qual é o motivo
mas porquê? o que é que eu fiz? como assim?
e ele diz: “tudo o que disser vai ser usado contra si”
então antes dos bófias me algemarem contra o chão
fui às minhas memórias p’a encontrar uma explicação
‘tou a ver a minha vida a andar p’a trás
hoje dás um passo em falso
e amanhã ‘tás preso ou ‘tás num caixão
[refrão]
um n-gga corre da morte
todo o dia, todo o dia, todo o dia, todo o dia
um n-gga corre da morte
todo o dia, todo o dia, todo o dia, todo o dia
um n-gga corre da morte
todo o dia a morte diz: “corre, n-gga”
todo o dia a morte diz: “corre, n-gga”
todo o dia a morte diz: “corre, n-gga”
[verso 3]
(flashback) lembro do mister bolota, treinador de guarda redes
vive em frente à minha porta, já lhe conheço há anos
às vezes nos cruzamos, ele sabe como é que o boy se comporta
lembro que ele ligou p’ra mim
a perguntar onde eu que tive na s-xta feira
até pensei que era chacota, e eu respondi:
“mister, eu s-xta-feira tive na festa da capela
a curtir com o resto da tropa”
depois disso o mister bolota deixou tudo muito bem explicado
disse que naquela s-xta-feira durante a festa houve um assalto
disse que um telemóvel foi roubado
disse que um puto foi esfaqueado
e que o suspeito número um era o papillon da liga knockout
“what the f-ck? mister não fui eu, isso é impossível”
“calma filho, e vai à esquadra o mais rápido possível
lá contas a tua versão e provas a tua inocência
também já passei por isso, então segue a voz da experiência”
então ele pegou em mim, acompanhou-me até à esquadra
depois eles me levaram à investigação no cacém
eu passei todo o dia, todo o dia a ser interrogado
mas graças ao mister bolota, correu tudo bem
[verso 4]
(fastforward) então antes dos bófias me algemarem contra o chão
contei-lhes essa história e eles pararam a detenção
porque atenção, o mister bolota, é treinador de guarda redes
mas também é psp lá na esquadra do algueirão
e eu safei-me da situação e a polícia deixou seguir
ironicamente, passado algum tempo, fui despedido
hoje dei por mim a pensar na sorte que me tinha ocorrido
e como a história seria outra se eu tivesse corrido
mandam-te voltar para onde tu vieste, é
ignorante, eu vim d’onde tu vieste, é
mandam-te voltar para onde tu vieste, é
ignorante, eu vim d’onde tu vieste, é
não interessa aquilo que tu fizeste, é
o que interessa é aquilo que eles acham que tu fizeste, é
o que interessa é aquilo que eles acham que tu fizeste, é
o que interessa é aquilo que eles acham que tu fizeste, yeah
‘tive toda a vida a provar a minha inocência
sempre a tentar evitar ser uma má influência
vejo as notícias, sinto raiva e impotência
e se abro a boca, eles vão dizer que é insolência?
vão dizer que é exagero e que isso foi noutros tempos
que hoje a cena é diferente, oportunidade todos temos
mais ou menos, diz quantos mais “prós e contras” nós faremos?
sendo que a corda tem rebentado
sempre p’ró lado de quem nós sabemos, han?
pimenta no cu dos outros é refresco, né?
e se não foi com nenhum dos teus, finges que vês, né?
mas é assim que esse preconceito persiste
como é suposto resolver um problema
que eles dizem que não existe?
por isso é que um n-gga já nem discute
um n-gga só vai escalando
quando o trabalho faz barulho, mais bocas vais calando
my n-gga, tu mete excelência em tudo o que tu fazes
porque nunca fiando, e não nos podemos dar ao luxo
de dizer que a vida vai andando, um n-gga corre da morte
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