letra de pé no estribo - os serranos
um dia partiu o pingo, se foi não me lembro quando,
fiquei banido lá fora, era um bandido sem bando,
eu era um pé sem espora, com a vida me atropelando.
saia e bebia uns vinhos, pra ver a vida voando
te via pelo caminho perdido me procurando,
e não tem nada mais lindo, do que um amigo voltando.
por isso digo aos meus dias, que escorrem pelo gargalo
vou viver com o pé no estribo, quando encontrar meu cavalo.
a cerca guarda no grampo, alguma crina de cola
gaúcho não anda pé, se anda não se consola
até a lembrança de um potro, me deixa um tanto pachola.
o potro era da fazenda, reiúno mesmo só eu
que p-sso a vida encilhando cavalos que não são meus,
e quando ganho um relincho, lhes digo graças a deus.
o patrão vendeu o potro, como quem apaga um pucho
um peão nunca diz nada, sentir saudades já é um luxo
anda um cavalo a esta hora com saudades de um gaúcho.
me deixem seguir buscando, por estes campitos ralos
dormir em cima da encilha, só pra acordar com os galos
e andar cantando o rio grande só, pra esperar meu cavalo.
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