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letra de relatos da periferia - mundo & each

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[letra de “relatos de periferia”]

[intro]
que nenhum homem seja indiferente
amamos muito, como odiamos já!
a verdade está sempre nos extremos
porque é no sentimento que ela está!

[verso 1: mundo segundo]
eu vi-o com mulher desempregada e três filhotes
e em vez de fumar começou a cortar barrotes
a fila de procura de emprego parece-lhe comprida
(mas) a fila de clientes não tem a mesma perspectiva (não)
inimigos tão famintos já rondam o quarteirão
mas naquele único cinto esconde-se mais do que um canhão
de momento é patrão numa profissão sem futuro
contudo passou ao pó pois o lucro é mais chorudo
na viela a clientela bate recorde de afluência
sobre influência overdose, 112 urgência
as seringas largam pingas de sangue coagulado
limões cortados, pratas, canecos por todo lado
acabara de ser criado mais um foco de destruição
por se manter demasiado focado na sua missão
aprendeu a lição quando cumpriu dez de prisão
e tanto a mulher como os filhos
desapareceram desde então

[refrão]
esta é a rotina da periferia
fugas à polícia, barriga vazia
blocos onde a renda nunca está em dia
por droga os manos vendem a própria família

esta é a rotina da periferia
fugas à polícia, barriga vazia
blocos onde a renda nunca está em dia
por droga os manos vendem a própria família

[verso 2: each]
aos seis anos refundia bicicletas na dispensa
aos dez, dinheiro suficiente para pôr pratos na mesa
começou a juntar-se muita gente naquela entrada
e ninguém gostava do barulho até de madrugada
aos olhos dos vizinhos vinha sendo um problema
de modo que a polícia passava no pátio por sistema
não tinha idade suficiente para ser levado de algemas
roubou os primeiros carros com onze anos apenas
não conheceu o pai e a mãe viu raramente
tornou-se frio quando o mundo não se mostrou quente
a escola não dava dinheiro, roubava-lhe tempo
ele investiu as duas coisas noutros andamentos
ninguém o percebia, tais hábitos eram incógnitos
para todas as pessoas incluindo o próprio
a realidade muda os nossos olhos
e quase nem percebemos o quanto todos somos próximos

[refrão]
esta é a rotina da periferia
fugas à polícia, barriga vazia
blocos onde a renda nunca está em dia
por droga os manos vendem a própria família

esta é a rotina da periferia
fugas à polícia, barriga vazia
blocos onde a renda nunca está em dia
por droga os manos vendem a própria família

[outro]
que nenhum homem seja indiferente
amamos muito, como odiamos já
a verdade está sempre nos extremos
porque é no sentimento que ela está

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