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letra de sala - mono stereo

[letra de “sala”]

[verso 1: mono stereo]
eu olho para esses quadros chorando na parede
de dor, de pranto, que quase não se mede
sentem falta do olhar dos humanos
nossos olhos saíram de nós faz alguns anos
não existe contacto
é triste, não se pode negar o facto
atenção, nem a nós, tampouco no prato
pudera que isso fosse um mero relato
mas não, ninguém viu, ninguém ouviu
o barulho, o prato que caiu e partiu
estilhaçou, feriu mas o homem não sentiu
o homem-máquina que o smartphone pariu
se viu-se atropelado pela ciência
afastado completamente da convivência
dos abraços, diálogos е partilhas
destruído, deu-lhe luz a novas famílias

[verso 2: mono stereo]
a sala tinha magia ao jantar, tudo еra divertido
mesa no lugar, mulher, filhos e marido
todos presentes se viam como seres
não havia confusão nem dos talheres
harmonia no lar logo a partir do sofá
na mão só comando da tela, móvel nem já
oficina de valores, de saber
um lugar em que se pudesse aprender
estar triste ou estar chateado com mãe ou com pai
não era sobre ter escondido a senha do wi-fi
era pelos ralhetes, pelas esquivas
a desatenção à escola, a notas negativas
os meios eram poucos mas pouco importava
é o novo homem da sociedade que se formava
se priorizava a palavra, a mágica que imperava
suplantava a raiva, a rebeldia, a fava

- mono stereo

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