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letra de referências - moniztico

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‘tou nos fones a ouvir a obra de chet baker
quadros enormes de magritte e salvador dali
a consumir murphy, cognominado chet faker
o smooth incomparável da minha’alma frenesi
‘tou no elmis a ouvir elvis presley ou
com os manos chesley, figueroa, o biscoito e o zé
no octubrus ao rubro a improvisar uma jam
a ouvir um freestyle do primvs e a tocar djambé
é quase ajuste sazonal quando oiço bossa-nova
águas de março pra lavar o que há de mal em mim
e pra enganar o tédio oiço o nédio vinícius
de moraes e os recitais intemporais de tom jobim
como não deixo as raízes vibro com eminem
sou mais um dos aprendizes do mestre keidje lima
mas também estimo fados, tou na mesa de frades
a testemunhar a grandeza da minha teresinha
‘tou com os metáforas que há cinco anos me dão asas
p’ra ser quem eu quiser, qualquer homem do mundo
excursionar pelo tempo ao mesmo tempo, mas no fundo
ser eu mesmo porque o teatro é a minha casa
‘tou a seguir rigoberta menchú para não ser como tu
e renunciar ao ódio
‘tou a redigir textos na minha solitude
e a plenitude é também ser inspiração para mim próprio

por insolência eles disseram que eu não conseguia
mas cada vez mais concebia e via reverências
por que é que és tu quem não consegue? mano rebobina
se queres ser bom, revê as tuas influências
por insolência eles disseram que eu não conseguia
mas cada vez mais concebia e via reverências
por que é que és tu quem não consegue? mano rebobina
se queres ser bom, repensa as tuas referências

‘tou a ler os delirantes d’orpheu
ninguém entende o génio pessoa gémeos como eu
existencialista respiro vergílio ferreira
ou até raúl brandão, cesariny, david mourão-ferreira
da claraboia vejo memorial de saramago
delírios organizados de antónio lobo antunes
e dissemino ainda que desapoiado
génios irreconhecidos como úrias e bettencourts
‘tou no zarcos a ver o benfas a dar tareia
de seguida no cubico a produzir com o dolla
tenho saudades do sena ter saudades
de cuspir alardes em cima de um bombo e uma tarola
‘tou com o meu mano zé a trocar salamaleques
a trabalhar em parceria como na escola
ele traz a guitarra, compomos a fanfarra
e empresto as palavras que ele empresta ao timbre da viola
olho para a minha mãe, role model
vejo que ser herói é só questão de livre-arbítrio
absorvo nos carinhos, reprimendas e emendas
o n0bre saber da vida que não se ensina nos livros
‘tou com água nos olhos vendo meu irmão crescer
‘tou com o retrato do meu pai na mão e sem pudor
tornando-me um homem melhor neste mundo sujo
num mar de comoção a navegar como um marujo

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