letra de quando o junho se entona - marcelo oliveira
uma tropa de peso, no potreiro se alvoroça
na poça d’água esconde a marca dos cascos
o tropeiro encilha, pra ganhar as distâncias
em seu trono de arreio, já antigo e gasto
léguas de campo até chegar ao destino
contraponteando simples sonhos pequenos
rugas no rosto, tantas chuvas no lombo
vários invernos, parceriando serenos
o tempo indelével cobra dele o preço
não perdoa, nem concessões ele faz
o pealo da morte, um dia virá certeiro
trazendo ao tropeiro, talvez sua paz
por isso é que canto o valor desse homem
que consome a vida, levando o gado alheio
enquanto a amada o espera no rancho
repleto de sonhos que partiram-se ao meio
a saudade acaba, nos olhos claros da linda
ao ver um semblante cansado de lonjuras
um quero-quero sentinela, anuncia a chegada
e nos braços da amada, o peão refaz sua figura
a volta foi longa, porém bem mais ligeira
na ânsia tropeira de matar saudades da dona
e marcada na estrada pelas patas do baio
num final de maio, quando o junho se entona
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