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letra de olho de lince - luís severo

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eu vinha de um lugar onde nada se parecia
com o teu p-sso calmo de alvalade ao fim do dia
tentavas explicar mas poucas vezes te ouvia
vivia para sonhar a minha própria mania

mas lá me apaixonei pelos teus jeitos de raposa
iludido com a cidade começaste a fazer troça
eu quase com dezoito a respirar extasiado
só queria absorver o mundo contigo ao lado

corremos portugal no verão
e em setembro não quis dar-te razão
dizias que é bom ter olho de lince
não vá a quimera morrer nessa contenda
não feches teu olho de lince
isto aqui é lisboa cada qual que se defenda

fui para a tua faculdade e ficamos mais parecidos
se soltava uma farpa era mel para os teus ouvidos
vá lá não sejas prato para os tontos dos teus amigos
dizias-me em segredo com os teus olhos decididos

que à mesa do café tu só tens de ter certezas
se não tens não faz mal ou imitas ou inventas
com o teu ar natural quem dirá que não tens norte
para ti b-n-lidade é sempre palavra forte

foi-se aproximando outro verão
e aos poucos já te ia dando razão
dizias que é bom ter olho de lince
não vá a quimera morrer nesta contenda
não feches teu olho de lince
isto aqui é lisboa cada qual que se defenda

mas quando me trocaste realmente aceitei
que é melhor andar à toa sem me olhar a ninguém
bati com a cabeça uns três anos caídos
até que um novo amor me devolveu os sentidos
e hoje longe do coração
eu só te lembro para lembrar esta lição
que é bom ter olho de lince
não vá a quimera morrer nesta contenda
não feches o olho de lince
isto aqui é lisboa cada qual que se defenda

isto aqui é lisboa cada qual que se defenda
isto aqui é lisboa cada qual que se defenda

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