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letra de gente perigosa - luca argel

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[verso: telma]
êxodo. foi este o destino das centenas de milhares de pessoas recém libertas da escravidão
deixaram as fazendo e o interior do país e migraram em massa para as grandes cidades, onde se encontraram com outros grupos de migrantes, de outros lados do país, e do mundo. e a maior das cidades na época, era, naturalmente, a capital do país: rio de janeiro
o rio foi o grande cruzamento de caminhos, onde se encontraram e se misturaram pessoas das mais variadas origеns, idiomas e religiões. convivеndo na precariedade e compondo um fumegante caldeirão cultural de onde vai emergir, entre outras coisas, o samba. um dos centros deste caldeirão era a praça 11 de junho, que ficava entre os limites do centro histórico e o cais do porto
nos arredores desta praça viviam alguns dos tais imigrantes europeus que vieram tentar a sorte no novo país. muitos deles portugueses, mas também pequenos comerciantes judeus, uma colónia de ciganos, e, é claro, uma enorme coletividade de descendentes de escravizados africanos que vinham de toda a região das fazendas de café do sudeste, mais uma grande parte também do nordeste do brasil, especialmente da bahia
essa população, pobre e ruidosa, era exatamente o que as autoridades chamavam de gente perigosa. o tipo de gente que os governantes queriam ver bem longe do centro da cidade. porque se o país devia se branquear, a cidade devia se higienizar. ou se “civilizar”, como eles dizem
tanto é que, ao desenhar os planos de abertura da grande e imponente avenida presidente vargas, na década de 40, o próprio presidente getúlio vargas pediu aos engenheiros que a fizessem passar bem por cima da praça onze. este traçado não era necessário para a obra. porém, não se podia perder esta oportunidade única e desperdiçar a justificativa perfeita para expulsar do centro da cidade toda aquela população pobre. e “perigosa”. de derrubar as casas onde eles viviam e destruir a praça onde eles convivam
e assim foi feito. a praça onze, berço dos primeiros sambistas, não existe mais

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