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letra de super-herói - kalew nicholas

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[verso 1: kalew nicholas]
em jaconé, na rua quinze
nós vimos labaredas, do chão ao eternit
e fugimos, eu e meu pai
do prédio entrando em crise
me senti um super-herói
mas heróis apagam incêndios
não fogem pelo hallway —
e foi o próprio homem de ferro
que esqueceu o ferro ligado
e causou a derrocada do edifício
com uma só tomada
foi nesse mesmo prédio que
enquanto minha mãe dormia
perguntei se podia brincar de super choque
e ela murmurou:
“tá, só não pula da janela”
tentei imitar o virgil, gostava da estática
eu quis resistir ao choque sem saber de matemática;
eu quis fazer justiça, eu quis comprar a briga
mas não tinha nem a tática e no fim fui só a sátira
aquele sonho
em que eu desviava a bala pra não atingi-la
soa como profecia
ou mera simbologia da minha megalomania
que eu disfarço como sede de justiça
aprendi a não ser pidão
mas usar tudo a que há acesso
então hoje sempre penso no limite que ela dera:
eu tô apto a fazer o que eu quiser
desde que eu não pule da janela
[refrão: ulysses cesário e gapro]
sei que o tempo passa
cansa, mas eu sigo o passo
eu quero te ter aqui
heróis aqui pegam em armas
forjam a própria vala
meu heroísmo é não esquecer

[verso 2: kalew nicholas]
no vídeo do super kalew
versus monstro das neves
tenho quase certeza
que eu ouvi sua risada:
diz pr’eu colocar a máscara
e assim defender a casa
eu disse que eu nunca ia namorar
porque eu queria ser um herói
o tempo passa e eu me vejo vulnerável
imperfeito, fraco, falho
até quando pequeno
explicavam o meu nome com um adendo:
“o nome é de herói, mas o porte? hahahaha
magrelo, parece o topo gigio”
e assim todo heroísmo é ridículo
pra me formar bebi de heróis
mas eu cresci e descobri que todo herói é pra punir
que a punição não venha a nós
eu estudei as ideologias
me confundi com todas elas
e descobri que o que há em cima
é a utopia que abre celas
cético, me vi em pleno átrio
entre a fé e o mar de credos
aí disse: “moisés era fiel, né papai?”
não sabia nem falar e redigia mandamento
narrativa e até poema
e tinha manha de mandar abrir o mar
não conheço minha língua
meus tataravós não têm nome
estão num cemitério indígena
em que adoram a economia
e eu devia ter esperança
além da revolução divina?
[refrão: ulysses cesário e gapro]
sei que o tempo passa
cansa, mas eu sigo o passo
eu quero te ter aqui
heróis aqui pegam em armas
forjam a própria vala
meu heroísmo é não esquecer

[verso 3: kalew nicholas]
se eu voltasse no tempo
nunca ia usar meu nome
pra publicar meus textos
e seguiria o conselho da minha mãe
de colocar a máscara
antes de defender a casa
sem nem acreditar em grandes causas
enquanto o bandido apanha na tela
a cidade implode no fundo
e da janela, em que eu brincava de salvar o mundo
as vidas de famílias se perdem num segundo
de poder descontrolado e vaidade
uma junguiana me atendeu
e relatou me ver despersonalizado
logo eu, rei da personalização
talvez seja a pulsão por alcançar a sublimação
ou talvez seja bobagem e o que quero sem alarde
é a secundária integração da qual disse dabrowski
meu nome é kal-el
mas não mais o superman
sou só um mero humano
engatinhando em realidade
empurrando as colunas
como um dia fez sansão
mas sabendo que sou fraco
até demais pra minha idade
e a consequência de dizer sem entender é inevitável
a consequência de dizer sem entender é inevitável
a consequência de dizer sem entender é inevitável
e é pra isso que aprendi a usar a arte

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