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letra de fiz as pazes com o abismo - kalew nicholas

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[intro]
ano de humildade

[verso 1]
tudo meu pode dar errado
mesmo sem haver culpa
contraproducente planejar
metas, promessas, objetivos
tudo esmaece ao soar do alarme
a sirene de ambulâncias
bombeiros, polícia
luzes de emergência acesas
mandando evacuar
o alarde é desnecessário
basta matar expectativas na raiz
fila indiana se arrastando pelo assoalho
com a vida por um triz
idosos e crianças primeiro
todos pela porta estreira
magro, me espreito pelas frestas
protegendo minhas largas orelhas
dos sons estrépidos
tenho olheiras de tão intrépido a confrontar a noite
a eternidade do presente vivida
soluciona a dor futura da decepção
tudo que há de bom no futuro
independe da humanidade
um mal de cada vez, a cada dia
a noite que há fora do túnel
aos poucos cede à alvorada
urubus se dissipam com úlcera
castelo desmorona e ergue nuvens
mas a última sobrevivente não morre
muita esperança e otimismo
pra enfrentar a ausência de expectativas
(exceto as que não são placebo
que são só as de origem bíblica)
e é nesse instante que percebo
a vida é boa e vale a pena
mesmo que o pão seja caro
e a liberdade, pequena
mesmo que o abismo me assole
e sua voz me condene
como seus olhos me culpam
e seus reflexos às vezes vencem
[verso 2]
eu me viciei na mudança
mas cansei de mudar pro ontem
se essa é a vida que vivo
a cada dois anos em looping
da eminente desistência me aproximo
mas essa chance eu extirpo do íntimo
carrego a pedra pro topo do monte
e cedo a terra ao conforto do ontem
não espero uma vida de linearidade
mas a eternidade é bem vinda
pois não haverá rocha morro abaixo
nem catástrofes que tanto narro ainda
é na instabilidade de um caminhão de mudança
que encontro a esperança de que de alguma forma
por poesia e intervenção divina
amanhã eu acordo bem enfim
e não há alimento pra crises infindas

[saída]
dentro do castelo abandono as malas
com culpas, arrependimentos e conflitos
tiro o embrulho do presente
e é nele que resolvo o passado incômodo maldito
o castelo desmorona nas minhas costas
mas neste instante estou longínquo
tudo que ficou pra trás foi sacrifício
e tudo que tenho pela frente é regozijo
ainda que haja mais conflitos
fiz as pazes com o abismo

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