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letra de fuligem - fred & regina guimarães

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[verso: regina guimarães]
alguém ensina a um principiante, supondo que se principia
os passos a dar para ser admitido nessa roda
à tangente, nessa roda, à tangente
seguros nem os ramos, e certo
nem mesmo o chão que pisamos, o chão que pisamos
alguns cochicham, de que falam, de que falam?
falam de fuligem, evidentemente
desse pó em depósito que é preciso raspar
debaixo da camada negra aparece o não-texto
“aparece” é uma forma de dizer
pois nem toda a coisa aparecida aspira a ser
o não-texto tem pudor, o não-ser tem vergonha
tão duvidosa como estarmos aqui
é a vontade de permanecermos
de escaparmos à limpeza das lareiras
onde moram defuntas aranhas presas no rigor de suas teias
presas no rigor de suas teias
segue em frente esse invisível que nos guia
vai de rastos, soldado treinado para uma guerra distante
por felicidade distante, por felicidade distante
as sombras passam-nos rasteiras, tropeçar na sombra
é nosso saber a cada queda renovado, a cada queda renovado
porque o mundo verdadeiro deve ser o das sombras
doa a quem doer, doa a quem doer
só elas corrigem trajectórias
só elas nos atravessam e ditam o nosso tamanho
verdadeiro é tudo quanto muda, doa a quem não doer
entre os braços de quem ama, não há lugar
e no fraco entendimento de quem sofre, não há lugar
é preciso roer as unhas ou cortá-las
a lua fora de cena, o sol batendo da nuca
o sósia de braço dado, o sósia de braço dado
ou, é preciso pendurar o sol pelos pés
e amarrar à tenra nuca, as unhas de cada frase
morrer vezes sem conta, se a tanto chegar a presunção
para encontrar o sono bom que se espalha pela casa
como brasa fugida à grande fogueira
como brasa fugida à grande fogueira
morrer as vezes que é preciso, ora bem ora mal acompanhado
até saber voltar de olhos fechados a cavalo na curva dum sorriso
até saber voltar de olhos fechados a cavalo na curva dum sorriso
até saber voltar de olhos fechados a cavalo na curva dum sorriso
diz essa linha: “quem muito ama, ama mal quem ama”
até lá, seremos levados pelo pensamento do pensamento
e de medo trememos quando sentimos que o galope abranda
lá é o lugar de cá, onde começa a escrita
e esse desengano de poder ser lido no livro
que não se escreveu pelos olhos que enfim nos choram
assim, como noutro texto me desencontrei
sei de fonte seca que alguém me perderá de vista
porque em obras e pecados, minha morte se conquista
porque em obras e pecados, em obras e pecados
minha morte se conquista

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