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letra de lágrimas de um suburbano - fat soldiers

[intro]
directamente do labirinto mortal ni–as
lagrimas de um suburbano, vida real ni–a
black verses ni–a
man, a realidade aqui é dura
guato life, e essa m+–a, não é fácil ni–a

[verso 1: m.p]
achas, normal, o meu modo de viver?
achas, artístico ouvir e ver, alguém a mendigar?
achas heróico, não poder escolher?
apenas ter os microfones pra poder desabafar
ni–a, achas romântico ter a luz de velas?
todos os dias na tua mesa, mesmo quando tu não queres, tu achas?
que é prazeroso ser um hustler ni–a?
que vê, em dias diferentes, a mesma m+–a, acontecer
achas fácil ser um filho de gueto?
que faz da tripa o coração, pra ver os putos a dormirem repletos
julgas-me cego, quando eu cuspo versos negros
com espirito de revolta, que vem da alma de um renegado
ni–a, tu, nada sabes o que tu dizes ser
acredita é doloroso apenas sonhar
e não concretizar, por não ter
e apenas viver de esperanças e não deixa-la morrer, ni–a

[coro]
guetto life, é viver no limite
ser um pobre suburbano, é viver no limite, my ni–a
guetto life, é viver no limite
ser um hustler nessas ruas, é viver no limite, my ni–a
guetto life, é viver no limite
estar no gueto atras da m-ssa, é viver no limite, my ni–a
guetto life, é viver no limite
então não queiras ser mais um, a viver no limite, my ni–a

[verso 2: timomy]
o que vivo no subúrbio, é muito mais do que sufoco
tudo é perigoso, o ar, mata pouco a pouco
não se vive muito! pobre vive pouco
a tripa é o coração, se quiseres ganhar um troco
dizes viver isso? aquilo é só um esboço
o mundo aqui é cão, só que não existem ossos
ossos para todos, todos, carniceiros
enchem as igrejas com medo dos cemitérios
mas tudo dá no mesmo, vais pra os cemitérios
não há tarde, ou mais cedo, pobre vai sempre primeiro
não é nem um pouco artístico, nem tão pouco cívico
então não queiras viver o sofrimento explícito
sem apoio clínico, bairro pouco higiénico
achas que ontem foi melhor? hum… equívoco
e digo-vos, é ridículo
é sufocante como apertar os testículos

[coro]

[verso 3: soldier v]
não há piada, nem poesia na vida de um miserável
então… parem com essa cena, esse discurso deplorável
é lastimável, ouvir da boca de quem não conhece
que o angolano é preguiçoso, ele não merece!
a falar com autoridade, como se soubesse
a m+–a que p-ssamos nessa, gueto life
ni–a, tu não sabes o que é viver
com o coração na mão, porque vai chover
não há condições, nem dá pra crer
uns com mansões, os outros nem um prato pra comer
olhe pra nós… senhor josé
não temos luz, e temos água turva pra beber
pois é, essa é a realidade
casas em declives que desafiam a gravidade
não há estabilidade quando se atinge a velha idade
porque o remoinho vai engolindo a mocidade

[coro]

- fat soldiers

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