letra de o ser escasso - ecos póstumos
olha essa bocarra escancarada
rindo, como se eu fosse piada
e as paredes me consomem
milhares de vermes invisíveis me roem
cada segundo é um tumulto
em que meu ser está de luto
por uma existência cretina
aliviada pela brisa vespertina
que me traz a esperança da dor terminar
mas a única coisa que vejo se findar
é a minha vontade de sorrir
não consigo da alegria tola me nutrir
contemplem o ser esc-sso
contemplem o meu frac-sso
uma festa de vermes ambulante
como vocês conseguem sorrir verdadeiramente?
pra mim essas faces sardônicas mentem
é inóspito o chão que piso
é vil esse teu riso
ah, se esse riso fosse meu
mas a flor que o moribundo me deu
já morreu
e suas pétalas cheias de ferrugem
à terra voraz tornam e tingem de marrom
da n0bre cor dos mortos
meus anseios tortos
de rir um riso vivo
hoje mais um dia eu morro
minha lamúria e penitência
sou escravo da demência
contemplem o ser esc-sso
contemplem o meu frac-sso
uma festa de vermes ambulante
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