letra de serotonina - e.se (prt)
[letra de “serotonina”]
[verso 1]
via a vida em consciência fotográfica
não reflectia no que o meu reflexo dava
o dia eram instantes e eram tantos que eu revelava
esquecia os negativos na imagem projectada
flash, só cegava, vivia nessa ilusão dada
deslizava dia-a-dia na leveza da manada
o corpo flutuava a consciência alienada
(looks good, thats better)
caiu-me tudo, era miúdo
senti essa dor que ecoa
num segundo, caí no fundo
onde parti a proa?
no ludo, não era aluno
antes entrei à força
sem escudo, no testudo
e com o еgo apontado à boca
e sem preparo essе peso caiu
e sem reparo o meu ego ruiu
não pela carga que o atingiu e submergiu
mas por falta de uma rede na estrutura concluiu
[refrão]
ser positivo era só o que encarava
o copo cheio mesmo sem sequer ter nada
chegou esse dia e esse céu enevoava
onde havia luz surgiu a sombra inesperada
onde cabia a alegria não fundada
restava a dúvida na mente abandonada
essa matéria já por si acinzentada
parda estava e a serotonina ressacava
[verso 2]
sessões em serões, serões em sessões
eu com questões eles com as medicações
saía sem resposta, esta alma tão disposta
a formular hipóteses
que me abeiravam dessa encosta
e a imagem passada mesmo sendo a oposta
no fundo da nuca ela vivia contraposta
foram 6 meses em que não me conheci
não aceitava ser mais frágil para ti
procurava, pesquisava, em sequência somatizava
sem eloquência pensamentos que antes eram uma acendalha
que ateava e me iluminava, que ardia e me motivava
me movia e me fazia ter certeza na passada
e de uma só assentada, como uma mortalha
me fechou nessa muralha
[refrão]
ser positivo era só o que encarava
o copo cheio mesmo sem sequer ter nada
chegou esse dia e esse céu enevoava
onde havia luz surgiu a sombra inesperada
onde cabia a alegria não fundada
restava a dúvida na mente abandonada
essa matéria já por si acinzentada
parda estava e a serotonina ressacava
[verso 3]
demorou mas aprendi a receita
apreendi os meus receios e fiz deles a minha seita
não rejeita, olha e aceita
se há uma sombra, há uma luz que a projecta
bebi desse néctar, construí nesse hectare
centrei, escavei e não parei até o encontrar
um el-dorado doravante só para mim
uma alexandria com estantes com cantos em que bati
fico bem disposto, ter tudo exposto
as cicatrizes no peito, espreitam e brilham no rosto
e esta colheita, ela é divina
há 28 anos a pisar nesta vindíma
e no lagar o que é meu vem ao de cima
que nem tudo o que luz são diamantes nesta mina
há também carvão e escuridão em demasia
que uso como combustível como eu antes não fazia
[refrão]
ser positivo era só o que encarava
o copo cheio mesmo sem sequer ter nada
chegou esse dia e esse céu enevoava
onde havia luz surgiu a sombra inesperada
onde cabia a alegria não fundada
restava a dúvida na mente abandonada
essa matéria já por si acinzentada
parda estava e a serotonina ressacava
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