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letra de interlúdio - coruja bc1

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[letra de “interlúdio” com coruja bc1]

[psicóloga]

renata prado:
bom gustavo to bem feliz
vejo que evoluímos bastante desde o começo das nossas sessões
você vem conseguindo falar ainda que de traumas e ódios
mais está desabafando muito bem se expressando
me diga qual é a sua primeira memória de um diálogo com a sua própria família
na tentativa de ter essas respostas que você tanto busca?

coruja bc1:
eu confesso que eu ainda não encontrei essas respostas que eu tanto busco, tá ligado?
é tipo, eu lembro quando eu era pivete
eu atravessava com a minha comigo no colo praticamente
eu tinha quatro anos de idade e a gente ia pro serviço dela
ela trampava de empregada doméstica num apartamento ali na aclimação
e a gente saia do fundo de osasco, do munhoz júnior, até a aclimação
pegava dois ônibus, metrô, trem, até chegar lá
e na volta eu fazia um monte de perguntas
e eu lembro que um dia eu perguntei pra ela uma parada, eu perguntei -ssim:
“mamãe porque que aonde a gente mora é de um jeito e aonde a senhora trabalha é de outro?
porque aonde a gente mora a casa é de madeira?
o banheiro é no quintal?
porque a gente não pode morar numa casa -ssim?”
aí minha mãe respondeu: “porque a gente é pobre”
aí eu falei e porque as casas no outro lugar é de um jeito?
e ela falou: “porque eles são ricos”
aí eu falei: “ porque existe rico e pobre mãe?”
aí ela falou: “ porque o mundo é desigual”
aí eu falei: “ e porque o mundo é desigual?”
aí ela falou: “ isso você vai descobrir com o tempo”

renata prado:
entendi
mais e o amor?
você fala pouco sobre o amor
me fala um pouco sobre esse campo da sua vida
suas últimas paixões, experiências, como que foi?

coruja bc1:foi mais ou menos -ssim…

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