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letra de waters (pa nu poi koraji) - chullage

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[verso 1: prétu]
não quero mais ouvir que é certo
viver nesta linha que deus escreveu torta
morrer à nascença, nascer com a sentença
de quem pensa
que a minha vida não importa
meu corpo ainda é mercadoria
que esta economia trafica
importa gado amontoado no porão do navio negreiro
que a globalizado transporta
cadáver inchado, achado
afogado, devoluto nos banhos
que a europa tem à porta
cadáver linchado, deixado, pendurado
os frutos estranhos que a américa não corta
frutos estranhos que lhes caem aos pés
peixes estranhos chegam com a mares
são os frutos, do ódio e ignorância
que cria distância entre os povos do globo
são os frutos da gula e ganância
que regula à distância os destinos do globo
marés de bombas e balas
de quem tomba ou faz malas
p’a fugir do roubo
as marés do medo e ódio
a cada episódio
de racismo sem cobro

[verso 2: lowrasta]
morto ou vivo se não sou lucrativo
não sou apelativo, motivo de troça
mudaram os tempos, mudaram as leis
de certa forma ainda estou nessa roça
querem que eu viva, de forma passiva
em carne viva, ferida me coça
cidadania, pele não é branca
direita espanca até que o sangue faça poça
corrente no corpo, tiro no corpo
chip no corpo, nossa carne não é nossa
numero de serie, código de barras
identidade, nossa vida não é nossa
constrói preto, corre preto, morre preto
tua vida não importa
só a cor importa, ainda estas à porta
direitos humanos de negros derrubados pelo katrina
reduzir o povo negro a todo o custo é a doutrina
afogaram a nossa cor, mediterrâneo tem novo odor
perfumado com a dor que alimenta o consumidor

[sample: princezito]
um omi branku mata um omi prétu
so pamodi omi prétu era prétu mê

[sample: vadú]
pa nu poi koraji

[verso 3: prétu]
minha raça julgada na praça
pelo ódio da massa que a tv exorta
minha raça quer faça não faça
é carne p’ra caça, que se assa não importa
minha raça se não levanta uma taça
não dança devassa, então não importa
minha raça se não lava, não passa
não carrega massa, então não importa
é só um corpo que naufraga
um corpo que se afoga
nas vagas da vida
que a europa revoga
nas balas da bofia
que a américa advoga
nas celas em voga
onde a líbia nos joga
um corpo que cai, saúde decai
no menu do mac
na chicken and fry
com o sal, a gordura, da american pie
sem 25 de abril
nem 1º de maio
cativo da asae
cativo do mai
indígena no sef
indígena no cnai
meu corpo sufoca
meu corpo s’inunda
no fumo dum químico
d’uma água imunda
levada pra rua onde a mágoa abunda
mais rápido na rua a morte se difunda
em silêncio, invisível entre barafunda
em silêncio invisível meu corpo se afunda

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