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letra de açaime - chullage

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[verso]
já não sei o que é real
só tento é ser real por entre gente virtual
não ser só um serial number, escravo dum um serial k!ller
dirigente que aniquila, passa a gente a caterpillar
mata gente com o seu cão de fila, ou mata a gente sem pão na fila
e a cada decisão que toma, soma cadáveres em fila
sociedade em estado de coma que come a terra quе a asila
e agente cochila, faz a mochila, vai p’ó festival е chilla
e agente refila, canta abril, ou posa na rede social e cintila
a gente vacila, mede a pila, vai no call of duty e fuzila
a gente refila, põe a máscara, distanciamento social e desfila
puseram-me um açaime, mandaram-me circular pela direita
e olhar p’ra toda a gente como se tivessem cometido um crime
puseram um açaime e mandaram-me ir p’ra casa
olhar pela janela ou pela amazon prime
fábrica da mentira que debita
merda em tudo aquilo que edita
nesta dita informação que dita opinião
e grita ao cidadão até que ele acredita
e não põe em causa a exploração
à volta da qual isto tudo gravita
‘tá tudo às compras a comer pizza ou sushi
a ver séries sobre os bons e maus da fita
o mundo não parou, só porque somos menos
na baixa, no colombo, footlocker ou dolce vita
‘tá tudo online, ‘tá tudo live, ‘tá tudo em direto
a gerar dados na sociedade da vigilância
‘tá tudo mais perto do transhumano
mantendo o seu próprio mano à distância
vira o disco e toca o me’mo, muda a cue e toca o me’mo
breaking news e toca o me’mo, faking news e toca o me’mo
hit do instante, bait do instante
hit do instante, hate do instante
a lógica é irrelevante, o que prevalece é o instante
a verdade é irrelevante se ela muda a cada instante
com a repetição de eventos mascarados de novidade
para que esqueçamos a exploração, essa sim, constante
e o descontentamento é tão macho, tão viril, tão possante
mas a pila murcha quando o alemão bate um montante
abanamos o rabo p’ra cima e depois ladramos p’ra baixo
contra uma mulher no trabalho ou um indiano ao volante
brancos contra pretos, pretos contra ciganos
ciganos conta indianos, indianos contra os seus manos
porque são muçulmanos
mas nisto tudo somos pobres de todo o mundo
e todos os pobres vão sofrer danos
mas é mais fácil cair no engodo
de culpar quem chegou depois, pelo país ‘tar no lodo
mas quando vier essa limpeza, toda a gente vai levar com o rodo
e se hoje é o cigano, amanhã será o preto
depois será o zuka, mas também chegará ao tuga
porque eles vão limpar o refugo todo
quando o povo perde a tesão, nacionalismo faz de v–gr-
quando o povo lava as mãos, algum fascismo se deflagra
p’ra matar em nosso nome quem nos ameaça e amedronta
fabrica-se o bicho-papão a cada noticiário faz-de-conta
a ignorância só e uma bênção para quem quer um povo burro
e quem quer um povo burro, é porque lhes vai tratar a murro
alimentam-se as polémicas porque queremos cheiro a esturro
para depois irmos votar em quem consegue o maior zurro
contra um gajo com turbante, com um cartaz conturbante
ou por esta paz perturbante feita com bombas
drones, ou um gás perturbante
lançado sob quem já não aguenta a mentira e os cânones
desta casta arrogante, desta casta mutante
tudo em loop, tudo em loop, esta pasta agonizante
que a gente mastiga e já nem nos dá voltas à barriga
e nunca basta o abundante
gasta, gasta, que alguém traz o embrulho à porta
e para abrir o mar aos navios, os mísseis são disparados a montante
gasta, gasta enquanto o planeta arde ou se afunda entretanto
gasta, gasta até que não sobre uma abelha, uma tartaruga ou um elefante
gasta, gasta, mas agora fá-lo online, afasta-te, sê distante
ou gasta gasta, mas agora gasta verde
porque os efeitos dos cobalto só se sentem la no sul tão distante
numa terra esburacada para poderes postar
o teu ativismo individualista a cada instante
ou o ódio por alguém que supostamente te tirou o direito a um país
quando os maiores benefícios foram p’ra um nómada
que vive na tua casa antiga e mija na calçada branca que te orgulha tanto
ou foram para um investidor francês que especula a tua casa antiga
e sobre esses, o teu vigor é pericl-tante

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