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letra de a minha história - birus

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[verso 1]
desde miúdo não como legumes
açorda e tretas
não sei porque lá me fui entendendo
com a sopa de letras
falava à stora em cometas, caguei
roubava canetas
para dar as primeiras tags na casa de banho
mas alguém dá o estrondo: “e quê pá?”
desde novo encaro tudo de frente
não me escondo do problema
expondo o tema
desde novo tenho perdição por arte
mais tarde, comboios com thomas na televisão
a missão era ser criança
aprender como rir
já pintava livros, tu tinhas livros de colorir
como vi o mundo cinzento
tinha um mal na retina
médico recomendou uns óculos
eu pedi um balde de tinta
o mal que tinha tornou-me
um miúdo interveniente
mas não era maluco, puto
apenas tinha um pensar diferente
precisamente por isso ninguém tinha dado amor
se o mundo era cinzento
era eu que tinha de dar cor
aos 13 anos dei o primeiro traço
lembro-me bem
é como um bebé a dar o primeiro p-sso
no primeiro, t-ss
até preenchi tudo mas escorreu
depois apanhei o traço tag
diz-me lá se não viste, meu?
“o que é que tu escreves mesmo?”
na altura se, suspiros
agora mesmo que não te interesses
tu conheces virus
se não conheces? não vires a cara
não será extinto
é então que viras a cara
e deparas-te com um virus lá escrito
vá respira, tu sabes e quem sabe, sabe bem
se não sabes compra um sabb
e quem sabe, tu sais-te bem
desastre. bem, nem com um sábio
sabes o que eu sei
o que faço, p-ssei, p-sso
quando quase tropecei (t-ss?)
p-sso-te o que faço
dei um traço no edifício
quase que sou caço, bófia p-ssa
“foda-se, ganda piço”
quando baza, atiço o efervescente
em duas barras quase te disse
tudo sobre o meu percurso adolescente
mas eu fui crescendo
mais e mais eu cresci tanto
ser adulto não chega, puto
eu quero ser gigante
suscitante a que atirem pedras, vá
que tente ninguém é capaz
de p-ssar num graff meu e dizer
que não está potente
não contente com o que faça
obviamente estou a brincar
se nos virmos no mesmo espaço
obviamente, vou pintar
abrevio o sk!ll num traço fat
teu sk!ll é light, doeu
para ele estou-me a cagar
defeca, o teu estilo é byte do meu
vê se metes like nisso
a foto está crua
vê se metes um “vai-te foder nisso”
e volta para a rua, moço
a revolta está nua, a cidade limpa
não olhes para os outros
ou penses na incapacidade, pinta
sou eu e mais uns poucos com tinta, vamos
uma geração pode ser eterna
sendo tu novo, ou com trinta anos
tenho o meu espaço nem que seja em peças
escondido, mas posso morrer
enquanto tiver uma peça minha estou vivo
virus

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