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letra de afrocypher 3 - batalha central

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[rodrigo buga]
nkosi sikelel’ iafrika

tempestade p-ssou, chegou a bonança
marcus garvey regou o solo, em nosso peito brotou esperança
cada criança preta dança a ciranda
com a mente fortalecida pra somália se tornar wakanda
oferta de potássio é vitamina pro nego drama
arregaço quem discrimina jogando banana
rap white quer ser rap god sem rap good
aqui é boliche nesse rap game bolinha de gude

estrelas além do tempo, vidas cruzadas
constelação é o cruzeiro e o flow magia de encruzilhada
a fúria negra ressuscita outra vez
afrocypher, projeto clássico, capítulo iii

meu pai morreu -ss-ssinado e a mãe no hospital uma tragédia
sou fruto resistente mesmo se a saudade espanca
somei a idade deles e chegou perto da média
sa expectativa de vida de uma pessoa branca!
uhuru

[rhenan duarte]

se a ignorância for uma benção, a mídia vem sendo o papa

dando papa pra quem só pensa caca
gugu da-dados móveis neurônios imóveis
eles precisam de livros não de automóveis
(foi gol?)

meu rap faz poesia da ferida que não estanca

todo mundo tem uma amiga preta que pensa que é branca
tem preto que odeia preta e sempre avalia
pois cresceu ouvindo: “tem que clarear a família!”
fui um maluco no pedaço hoje sou hitch

flow will smith, no beat sou o it
nos somos lindos, ou melhor, realeza
seu globo ocular que não quer ver nossa beleza
sejamos mais do que presas sendo presas
amor e nossa cor são irmãs siamesas
pode fingir mas sabemos que vc sente

que uma mc sofia incomoda muita gente

[daniel garnet]

não querem ser black na face mas quer no face
rimam tão fácil mas rimam tão fake
no meio em quem dita o rap game tem cartão black
carta branca e marra de skinhead (spin that sh-t!)
o mundo gira e os nossos rodam
exceto os nossos pelés e nossos jordan’s
cortam, esse mal pela raiz
quando na alma usam machado de xangô e na mente o de -ssis
doctor mc’s curaram-me do coma
doctor dre curou-me os sintomas
fez as batidas do meu coração subir a toda
quando ele parou conheci o doutor vivien thomas (quase deuses)
o que nos difere é a oportunidade
de usar grafite 0.7 ou uma 9 milímetros
tipo o bolt correndo ou motumbo fodendo
o que nos difere são alguns centímetros

[robson peqnoh]

eles queriam nos delimitar dentro das linhas que viam nos campos
não queriam nos ver militar por linhas nossas escritas nos campus
queriam é nos ver sangrar pra regar suas lavouras e campos
não esperavam ter que aturar nossa gente brilhar em todos os cantos
agora falam de pretos no topo
mas agem como quem queria ver os pretos nos troncos
reagem com histeria sempre com um discurso pr-nto
“não é racismo! é mimimi! ódio gratuito dos brancos”
adoram a estética e odeiam a genética eu tô ligado
essa visão não é tão complexa quandos e observa deste lado
inspirado em e.d.i, m.v, eu me vi quando ouvi
public enemy “don’t believe tha hype”
“descobrimos seus segredos de minar os nossos sonhos”
mas nosso “sorriso negro” te -ssusta quando vê brilhar
ainda temos “voz ativa” “e nada pode nos parar”
mantemos a “mente engatilhada” e é “1, 2 pra atirar”

[moto treta]

mototreta? eu memo! muita rima e pouco músculo
no underground ja que o mainstream ta igual o crepúsculo: branco!
pensou em bater de frente? cancela
coisa ta preta igual as caras que se vê na tela

sou o cirilo do seu carrosel, entendeu?
jogo virou e hoje a maria joaquina tem um filho meu
comum, o brasil é engraçado que nem mussum
e esqueceu do guri do habbis mas não dos 7 a 1

vida fora da terra? é fantástico…
drástico memo é africano ganhar comida de plástico
meu bolso segue pobre mas minha alma ainda ta rica
e até esqueci do ano lírico, pois meu povo tem larica

minha fome por vitória me faz ser super guloso
com medo de ser preso a toa e só sai tuberculoso
sou ”djonga livre”, matei uns racista e depois ri
”racismo reverso” a maior piada que ja ouvi!

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