letra de majestade [25 abril] - aldina duarte
talvez tenha sido a fome
de quem come o pão sem nome
amassado p’lo diabo
talvez tenha sido a fome
de quem come o pão sem nome
amassado p’lo diabo
mas eu quis colher a lua
fui p’ra rua, quis ser sua
só p’ra ser de algum lado
mas eu quis colher a lua
fui p’ra rua, quis ser sua
só p’ra ser de algum lado
por ser filha da pobreza
da mesa sem sobremesa
em que o travo é sempre azedo
reconheço bem o traço
o embaraço e o cansaço
de vivеr sempre com medo
talvеz tenha conseguido
progredido, percorrido
o caminho acidentado
p’ra chegar aos tais salões
dos brasões e das menções
com o chão alcatifado
vim do posso que padece
que obedece e envelhece
já curvado pela escassez
recusei qualquer censor
detentor, senhor feitor
cultivei minha altivez
talvez até vos pareça
de nascença e vos convença
esta minha majestade
talvez até vos pareça
de nascença e vos convença
esta minha majestade
porque mesmo na pobreza
que a cabeça não se esqueça
de se erguer e com vontade
porque mesmo na pobreza
que a cabeça não se esqueça
de se erguer e com vontade
porque mesmo na pobreza
que a cabeça não se esqueça
de se erguer e com vontade
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