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letra de physalis - ace won

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[verso 1]
de olhos fechados, mas incrivelmente eu vejo um anjo
lutos pesados, cheiro a incenso que não me é estranho
chamam deus entre soluços e eu no meu descanso
ouço-os dizerem adeus, mas eu é que me despeço
pensava que ía estar mais gente
sempre que imaginei a cena, eu vi a cidade em peso
aliás, toda a comunidadе presente
é a partida do padrinho, a dеspedida é sem sossego
juro que tinha sonhado com uma cena à biggie
murais pintados em todo o lado, onde eu cresci
até na hora da morte desiludi
mas o cachet é pro bono, ainda bem que preveni
se isto é o que eu mereço, algo ‘tá muito errado
nem sempre exprimi apreço, mas este é o preço que eu pago?
o karma resulta do passado
mais ninguém carrega a culpa como um touro já cansado
vejo crocodilos a choramingar
lobos que se vestem de carneiros enlutados p’ra virem testemunhar
mas jeová não vos assiste, assisto a essa peça
é uma tragicomédia, sem piada e sem tragédia
dei a mão a muitos que não vejo aqui
tipo lepra, pulso fraco, baionetas, resisti
verti sangue nessa areia, nesse campo também por ti
mas aprecio a honestidade, foi o que sempre vos ofereci
eu já não tinha futuro, já estava fustigado por tudo
obrigado pelo tiro que me fez este furo, caixão fechado
perdão a quem tenha magoado
sem razão para o ter feito, sentido de humor bizarro
foi na selva que aprendi a ser a besta que era
esculpido pela desilusão, tu dirias: “pudera”
dirias: quem dera, quem via de fora, julgava a fera
quando fui só mais um dos que tenta e por isso erra
[refrão]
há muito tempo, que a pele não era seda
mas agora, um terramoto no cimento
com ar de pétalas de physalis gravadas com lágrimas
marcas dos constrangimentos

[verso 2]
coberto com uma bandeira de cores céu e neve
eu vejo quem realmente sente o que hoje aqui se perde
algures no planeta uma criança nasce
é o que dizem, mas à minha filha, claro, ninguém pede
que se lembre de um detalhe desses vestida de negro
da cabeça aos pés e por dentro domina o cinzento
porque há uma lembrança que ilumina este vazio
o pai ter dito: “quando eu morrer, tu vais ver o respeito”
conceito imperfeito, a verdade é tão crua
sou eu dentro da urna, a saudade seria tua
a realidade que via, tão naif, vergonha nua
cheguei até a imaginar uma procissão na minha rua
nessa placa ponham só: “talento ostracizado”
descansa em pó, eternamente renegado
tua arte nunca será esquecida
mesmo que seja mentira esta última frase, escondam o pecado
uns dizem que não pode ser, outros que pode e é
a fantasia, já esquecia, não é sóbria, né?
só nesta cabeça cabia e mantinha a fé
mas já poucos queriam saber de um gajo quando ainda ‘tava em pé
abutres, aproximam-se da família
mas os meus sabem distinguir amor da hipocrisia
empatia da simpatia, porque me foquei na alma
por isso, peço-vos calma e paciência com quem brilha
sempre fechei mal a tampa, por isso não queria campa
aqui fechado com demónios, preferia ter sido cinza
não queria flores, porque acho um pouco mórbido
são uma poesia sobre a morte por escrever ainda
quem foi tocado por mim, demonstra compaixão
partilhem todos a dor, mas mais a celebração
quer queiram quer não, sou eterno em qualquer dimensão
fico em paz agora que vos descrevi esta visão
[refrão]
há muito tempo, que a pele não era seda
mas agora, um terramoto no cimento
com ar de pétalas de physalis gravadas com lágrimas
marcas dos constrangimentos

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