letra de despacho de macumba - zé tapera e teodoro
s-xta-feira à meia-noite
eu já estava deitado
quando escutei um barulho
levantei desconfiado
era um velho mac-mbeiro
das bandas da água rasa
que veio fazer desp-cho
no portão da minha casa
de dentro eu -ssistia
pela fresta da vidraça
tinha quatro vela acesa
e um litro de cachaça
tinha uma galinha preta
e um sapo morto no chão
deste jeito ele falava
ajoelhado em meu portão
declamado:
(“as corrente indiana fincam no espaço
os corredô das caatinga do norte
há de baixá no terreiro desta casa
pra enrroletrá a vida deste cabra
nesta casa todas as coisas tem que ir por água abaixo
a paz há de se transformá em desespero
o amor há de se transformá em ódio
o sorriso há de se transformá em lágrima
e a felicidade há de transformá em eterna separação”)
eu dei um pulo pra fora
dei um grito no terreiro
quando cheguei no portão
não vi mais o mac-mbeiro
das velas fiz uma cruz
queimei em cima do sapo
mandei a pinga pra goela
e a galinha foi pro papo
esse velho mac-mbeiro
de tudo se arrependeu
o mal que ele me fez
ele mesmo recebeu
meu avô sempre dizia
um ditado verdadeiro
que às vezes o feitiço
vira contra o feiticeiro
que às vezes o feitiço
vira contra o feiticeiro
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