letra de mundo de algodão - woner
[verso 1]
estou sozinho no quarto, perdido
o que vejo agora já não faz sentido
acordo sempre com a motivação de nada
sem motivos para me fazer à estrada
todos os dias na mesma rotina
a deambular num eterno beco sem saída
p-sso a p-sso o traço que eu traço
não é traço porque apago sempre tudo o que eu faço
pedes-me, desfaço, pede-me
com quem falo com o meu reflexo enerte
enerente aquilo que eu sou na vertente social de eu ser mal ou bom
os p-ssos estão cada vez mais pesados
os desenhos cada vez mais apagados
os cortes cada vez mais vincados
e os meus olhos cada vez mais fechados
o cimento do chão está mais escuro
o vento que bate está mais duro
eu permaneço neste mundo
acho que não pertenço, sussurro
[refrão]
neste mundo de algodão
mundo de algodão
onde tudo é feito de aço
neste mundo de algodão
mundo de algodão
e eu já não sei o que é que faço
neste mundo de algodão
mundo de algodão
onde tudo é feito de aço
neste mundo de algodão
mundo de algodão
e eu já não sei o que é que faço
[verso 2]
houve amigos que partiram
comprimidos ficaram
e pessoas conhecidas depois nunca mais falaram
talvez tenham esquecido, talvez
ou talvez eu não me tenha lembrado
talvez a culpa disto tudo seja minha
por sonhar demais na vida
preso à fantasia
preso à rotina de uma vida primitva
preso à angústia da verdade e da mentira
preso ao desprezo da chacina de uma vida
nova porcaria, nova dor que é querida
se o és, abraça-me e não me deixes cair
por mais que eu suplique não me deixes fugir
por mais que eu grite não me deixes subir
insanidade agarra-me e faz-me sorrir
ou então eu faço-me chorar
larga-me agora que eu quero voar
larga-me, larga-me, deixa-me cair
deixa-me sair, deixa-me fluir
eu só tomo decisões erradas
vou fugir com asas imaginárias
[refrão]
neste mundo de algodão
mundo de algodão
onde tudo é feito de aço
neste mundo de algodão
mundo de algodão
e eu já não sei o que é que faço
neste mundo de algodão
mundo de algodão
onde tudo é feito de aço
neste mundo de algodão
mundo de algodão
e eu já não sei o que é que faço
[verso 3]
olho em volta, tudo parece podre
ou o meu interior é que se sente pobre
não sei o que os olhos dos outros vêm e ninguém sabe os que os meus sentem
sinto, sinto por mim, sinto muito
sinto não ter sabido sentir ser um puto
sinto que o destino foi bruto
ou não foi esquecimento ou não p-ssou de um descuido
descuido, o corpo emagrece
vou ficando cada vez mais leve
evaporam sensações para ver se peso menos nos vossos corações
eu quero cair no algodão doce das núvens
e vê-las a desfazerem-se no meu corpo inúteis
misturar o azul do amor do céu
e desvanecer no ar sem saber o que aconteceu
gostava de me tornar em fragmentos
e que os sons que saíssem da minha boca fossem vermelhos
e vê-los a escorrer no ar
como eu não consegui
quero gritar
quero gritar
quero gritar
mas o som não sai
mas o som não sai
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