letra de de cor - weely vila
[refrão]
falaram tanto da cultura
que se esqueceram de a viver
pintaram uma moldura
e esqueceram-se da cor
borraram a pintura
e acabaram por esquecer
que ainda há tanto por escrever
num livro que eu sei de cor
[verso 1]
não pus a caneta no papel
só porque toda a gente a pôs
mas sim porque quem o fez
também fez de mim o que sou hoje
mas vou definir o meu depois
porque o nunca vai ser de mais
é ‘pra pensar sempre no passo
ter a nuca nos pedais
mas não troques o que faço na fase do preconceito
quando eu dito, eu traço
e se ‘tá dito, tá feito
que eu sempre tive a minha dose
e caguei se era aceite
cheguei à parte em que se coze
e caguei no azeite
então eu faço a minha
faço linha e aninho
na composição vou da praça ‘pra avenida
só a pisar o mesmo chão
tenho o teto com projetos
são projeções do colchão
kick fat em loop
temos ceia e temos serão
pelo sim pelo não
vou apostar a mesma carta
eu vivo na condição
que só se muda quem se farta
é preciso ter a noção
que há bom som de quem se adapta
mas quando têm frases feitas
não queiram também a papa
[refrão]
falaram tanto da cultura
que se esqueceram de a viver
pintaram uma moldura
e esqueceram-se da cor
borraram a pintura
e acabaram por esquecer
que ainda há tanto por escrever
num livro que eu sei de cor
[verso 2]
mas cada um faz o que gosta
e eu também gosto disso
disse, disse tudo o que me importa
eu não vim pra ser juíz
se eu nem tenho juízo ‘pra pregar nesse giz
sempre fiquei pelo caderno, tinta de raiz
desde o tempo em que ela diz
que a palavra pode ‘tar no ponto
que eu vi que o final era o ponto que me faltava
eu quero sempre dizer tudo
mas indo a pouco a pouco
porque há diferença entre quem supõe
e entre quem grava
mas não agrava a pergunta
e quem nunca que atire a pedra
eu só quero ver a data dos álbuns
a contar primaveras
não quero vir a ser o cota
do ‘no meu tempo é que era’
eu acho que a cena não morre
o people é que se enterra
é ‘pra pôr os pés na terra
e eu às vezes pra lá caminho
mas vou deixando restos na alma
que possa precisar ‘po caminho
vou lento mas não vou sozinho
sorridente sabe o destino
que mesmo com aquele sabor amargo
eu vou amar aquilo que eu rimo
passa o tempo e troca o passo
passo o tempo atrás da tela
atrás de cada compasso que possa dar tempos
e que me apela ‘pra eu poder dizer o que acho
sem cacau e sem cautela
que eu vim só pela calada
tu vieste só naquela
e de repente há sempre uma rasteira que te dá o corte
mas quando dás bom uso à mente
já sabes dar o corpo à morte
vai ser preciso andar à frente ‘pa saber fazer a sorte
porque quem hoje faz o que sente
amanhã quer e pode
[refrão]
falaram tanto da cultura
que se esqueceram de a viver
pintaram uma moldura
e esqueceram-se da cor
borraram a pintura
e acabaram por esquecer
que ainda há tanto por escrever
num livro que eu sei de cor
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