letra de reza a lenda - vitor rocha
reza a lenda
anciã (cirandeiros)
hey!
reza a lenda que rezar
não adianta se não crer
anciã: vocês vão ficar só olhando?
anciã (cirandeiros)
(reza a lenda que rezar
não adianta se não crer)
reza a lenda que rezar
não adianta se não crer
(reza a lenda que rezar
não adianta se não crer)
eu vou contar, falar, cantar
mas acho bom antes dizer:
(eu vou contar, falar, cantar
mas acho bom antes dizer:)
anciã
fica bem vindo, seja à vontade
e chega de existir, pois aqui só vale ser
cirandeiros
pra receber essa história
e descobrir o que acontece
é preciso estar disposto
e aceitar o que ela oferece
anciã
pois o sol nasce pra todos
e a lua pra quem merece
cirandeiros
ê, a, ê, ê, a, ê, o, ê
ê, a, ê, ê, a, ê, o, ê
cirandeiro: era uma vez/
cirandeiro: não, eram duas!
cirandeiro: não, não, eram três!
cirandeiro: não, era uma vez/
cirandeiro: não, eram duas!
cirandeiro: eram três!
anciã
chega de conflitos
contem logo de uma vez!
cirandeiro: ih… conflito é o que mais vai ter!
anciã: quando um burro fala, o outro abaixa a orelha!
cirandeiros
na primeira vez, um lugar: terrarrosa!
província pequenina bem no sul da espanha
mas seu povo descontente, buscando um novo lar
tormentas, tempestades se coloca a enfrentar
pr-ntos pro destino, pra uma nova vida
a primeira vez, portanto, era uma despedida
navegadores
vem chegando, vem
vem chegando um povo
vem cheio de esperança
e traz de um sonho novo
cansado de -ssistir o mar pelas janelas
com sede de futuro em suas caravelas
cirandeiro:
e então era, ao mesmo tempo em que deixava de ser
era rimando a remar pelo oceano
era viver da aventura que o vento ia contando
navegadores
terrarrosa, adeus!
sentirei muita saudade da sua primavera
mas agora eu me vou e me vou com deus
atrás da minha história
não alcança quem espera
navegador: terra à vista!
cirandeiros
ê, a, ê, ê, a, ê, o, ê
navegador: lancem a âncora!
cirandeiros
ê, a, ê, ê, a, ê, o, ê
navegador: entrem nos botes, peguem os remos
navegadores
remaram para a praia
cada homem, um colono
mas ao p-ssar dez dias
nativos
essa terra já tem dono
cirandeiro: agora era uma terra, perdida no encontro das águas quentes com as frias e que apesar de ficar ao sul, já havia sido batizada “porto leste” por um povo que chegou antes e ali fincou sua bandeira azul celeste!
cirandeiros
ê, a, ê, ê, a, ê, o, ê
nativo: quem são vocês? o que querem aqui?
cirandeiros
ê, a, ê, ê, a, ê, o, ê
nativo: voltem para o lugar de onde vieram
cirandeiros
um choque de dois mundos
dois povos diferentes
colocando panos quentes
mas se armando até os dentes
navegador: nós não queremos machucar ninguém
nativo: saiam da nossa terra!
cirandeiros
se a primeira vez foi uma mera despedida
a segunda vez era o nascer de uma ferida
cirandeiros
ê, a, ê, ê, a, ê, o, ê
navegador: queremos falar com o superior
cirandeiros
ê, a, ê, ê, a, ê, o, ê
navegador: vocês tem um líder?
nativos
no nosso povo a gente é igual, não tem cacique
e também não quer palpite ou presente de europeu
não tem conversa, a terra é nossa
mão é vossa e ninguém aqui tem culpa
se seu barco se perdeu
navegadores
o nosso povo não quer guerra
só deixou a própria terra
procurando um novo lar querendo o bem
e, me desculpe, mas entramos por um lado
que não era habitado e nem cuidado por ninguém
nativos
pouco importa o lado por onde entrou
pouco importa o motivo porque veio
navegadores
a terra é grande
e seu povo é pequeno
sua mãe não te ensinou?
ser egoísta é muito feio
cirandeiro: ih! botou a mãe no meio…
nativos
fique sabendo, cada um aqui é bando
e quando todo mundo junta, todos nós viramos um
navegadores
do nosso lado, cada um, mesmo sozinho, vale o dobro
e não tem medo de enfrentar bando nenhum
ninguém de nós vai mexer um dedo
escutem bem e preste atenção
essa terra por nós foi encontrada
e por nós será habitada
então guardem sua marra
que eu não gasto munição
nativos
saiba bem o chão que está pisando
te ofereço um conselho de “amigo”
você nem conhece a terra
e já vem querendo guerra
logo aqui no território do inimigo?
cirandeiro: que perigo!
cirandeiros
o ínicio de uma nova era cheia de rancor
um lado egoísta e o outro, invasor
decidiu-se então que a terra seria repartida
a terceira vez, por fim, era uma terra dividida
cirandeiro:
a terceira vez era e ainda é: uma nova era!
um lado usa rosa e outro lado usa azul
uma linha riscada no chão evita a guerra
e separa os dois povos até que um deles se renda
-ssim reza a lenda!
cirandeiros
ê, a, ê, ê, a, ê, o, ê
uma despedida
ê, a, ê, ê, a, ê, o, ê
uma ferida
ê, a, ê, ê, a, ê, o, ê
uma terra dividida
ê, a, ê
reza a lenda
ê, a, ê
reza a lenda
ê, a, ê
ê, a, ê, ê, a, ê, o, ê
(ê, a, ê, o, ê)
anciã
hey!
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