letra de a confusão - vitor brauer
– tudo certo? tudo certo para aterrisagem?
tudo certo
– conferir o filtro
tudo certo
– iniciar aterrisagem
“já faz muito tempo e essas coisas não p-ssam. eu não consigo ver nada. eu não consigo me concentrar. as coisas estão tão confusas e a minha visão está tão turva. eu devo estar enloquecendo.”
enlouquecendo
“disseram que ia p-ssar. não é isso que dizem sobre o tempo? que ele cura tudo, todas as feridas? não é isso que dizem? e pra que?”
pra que?
“nada p-ssa. as coisas não vão embora. elas só estão aí se ac-mulando nas minhas pálpebras pra eu não poder ver mais nada. e eu só tenho sono. tanto sono.”
nossa, até quando?
“isso nunca vai embora e ninguém pode fazer nada, porque é tudo na minha cabeça, é tudo em mim. você se lembra da época quando nos conhecemos?”
não
“você lembra de como eu costumava ser leve?”
não
“eu acreditava que ia p-ssar. mas já se p-ssou tempo demais e eu ainda aqui, lamentando a mesma ferida. essa ferida que agora é maior e faz parte de mim. nada nunca mais foi igual e eu nunca mais fui a mesma. agora eu percebo que não vai voltar porque nada volta e nem se vai. faz parte da construção de quem somos. e eu agora devia aceitar que não sou mais aquela que você conheceu. hoje eu ando nas ruas e tudo que eu consigo ver é o desenho da calçada. só vejo tudo que está quebrado dentro de mim. e por quanto tempo mais? até que eu morra? até que eu me esqueça? mas quando é que vai ser isso? quanto tempo vai durar?”
quanto tempo vai durar? quanto tempo vai durar? era isso que eu perguntava quanto tocaram os sons na minha cabeça. uma hora eles simplesmente acabaram. pra que que as pessoas se juntam ainda? por que tem gente que mora aqui em karam? gente não tem muito interesse um no outro. muita gente fica sozinha. mas somos muitos ou poucos? pelo universo existe muita gente. e algumas pessoas se juntam aqui. mas qual o interesse delas? talvez alguém falou que aqui era um lugar pra se encontrar e fim. as pessoas só perambulam por aí. sem interesse e sem lugar. as pessoas não discutem. olha lá
“as horas p-ssam mas não completam os dias.”
vivem trocando coisas
“os dias p-ssam mas não formam os meses.”
e tá tudo certo
“e isso é tudo porque eu não consigo ver.”
aquele homem e aquela mulher se conhecem?
“só vivo a madrugada e na madrugada nada p-ssa. nada me traz a resposta do que que eu devia fazer…”
por que as pessoas querem trocar coisas?
“pra poder viver sem desejar qualquer coisa eterna, qualquer fim.”
eu conheço alguém?
“o fim da dor ou o fim dos dias.”
acho que não
“eu me arrasto sem saber…
eu não conheço ninguém
“até quando ou se nunca mais”
nunca mais
“ou se ainda espero pela p-ssagem de tudo que conheço”
tempo
“até que nada mais dure, viva.”
há quanto tempo eu estou sozinho?
“até quando tudo vai estar destruído.”
tempo
“até quando tudo vai ficar tão destruído quanto eu.”
há quanto tempo as pessoas ficam sozinhas?
“ou até quando eu sorrir o gosto do esquecimento e nada mais vai lembrar do dia…”
há quanto tempo isso existe?
“em que eu pensei que já não pensava.”
e há quanto tempo esse lugar existe?
“e duvidei da minha própria sanidade. sem nada em que me agarrar ou sem o desejo de me salvar.”
mas porque as pessoas ficariam juntas afinal?
“entregue a loucura. conformada. maldita.”
loucura
“doente. louca.”
doente. abandono. enfim…
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