letra de irreconciliar - visitas póstumas
meu sono irregular obliquo
o silencio das tardes continuas não volta mais
das minhas memórias perdidas
que eu lembro e esqueço; o futuro assusta mais
e sutilmente aparece
entre os meus traços lúcidos
e a vontade de dormir cedo
minha ausencia não compromete
eu vou ficar em casa, hoje eu não saio mais
os desenhos do pano da mesa
tem vida, o abismo fala de volta comigo
e me diz que eu não mereço mais
pertencer ou ser aceito em algum grupo de amigos
tudo anda confuso demais
eu me escondo em orgulho dissolvido em vinho
hoje eu nem me entendo mais
eu destruo a beleza
eu descubro algo lindo
se eu voltar
qual a melhor forma de eu me despedir?
(e suprir o desejo intensivo de voltar ao passado e viver antes como eu nunca vivi)
afogo-me em lagrimas ao ver o que virei
(minha alma pesada nunca esquece, minhas mãos tremem, o amargor se torna denso, e por ora irredutivel)
e se eu voltar
poderei ver você?
você
morrer?
e junto de nós dois eu me afogo
repetindo bataille
“sinto-me livre para fracassar”
as flores demoram pra crescer
e eu me canso de esperar
mesmo depois de todo esse tempo
vinho suave pra estancar o amargor
eu esqueço de me conectar com você
e pra poder morrer
desarmo as armadilhas
o alarme não toca mais nas manhãs
e eu preciso acordar
e eu preciso acordar
e se eu voltar
poderei ver você?
e se eu voltar
poderei ver você?
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