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letra de alto mar - vallada (bra)

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tive que sair daquele corpo morto
me livrar do meu estorvo
assim que nasce o novo
rompendo uma crença antiga
que dizia “corra se o pirão for pouco”

a gente não é louco nem nada
mas sonha todo dia
botar o som na estrada
mpb não fala enquanto a gente rala
do barro pro tijolo numa poça d’água

e tem chovido à beça
não faz só um dia sequer
e tem chovido à beça
o céu não nasce azul pra qualquer

do tijolo pro barro
descendo no ralo
com as bitucas de cigarro
toda fantasia que a gente cultiva
some no horizonte diante do mercado

é que fugir da luta não paga
uma vida de arte, nem as contas dе casa
desde pequеnininho que mãinha fala
“navegar um dilúvio até a próxima alvorada”
e tem chovido a beça
não faz só um dia sequer
e tem chovido a beça
o céu não nasce azul pra qualquer
e tem chovido à beça
e tem chovido à beça

tudo bem se molhar
mas o sol amacia
ao chegar na avenida
quero mais navegar
pelas próximas milhas e milhas
e léguas infindas
até lá, me banhar no alto mar

só barro na calçada e tijolo na mala
que vai ficando mais pesada
sobe e desce escada
mostra tuas paradas
será que esse som me rende uma dancinha?

será que se eu trabalho e trabalho
vai chegar um belo dia
em que eu garanto meu cascalho
falei para todo mundo do caminho árduo
de se fazer história no anonimato
e tem chovido a beça
não faz só um dia sequer
e tem chovido a beça
o céu não nasce azul pra qualquer
e tem chovido a beça
e tem chovido a beça

tudo bem se molhar
mas o sol amacia
ao chegar na avenida
quero mais navegar
pelas próximas milhas e milhas
e léguas infindas
até lá, me banhar no alto mar

ai ai ai ai ai ai
no alto mar
me banhar até lá
enquanto dá

tive que sair daquele corpo morto

- vallada bra

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