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letra de panis et circencis (amoraroma) - tilt (orteum)

[verso 1]
deus abriu a mão ao coliseu e deu-lhe ‘show’
deu espada ao gladiador e chamou-lhe desporto
com o polegar p’ra baixo
sou o aplauso do povo com sono a mais
pausa aqui é despertador para quem hiberna o dia todo
quem é o espártaco desta geração que tolera o chão na cara?
quem dá espectáculo nesta prisão macabra?
tédio deu-me sorte e uma espada
tenta ficar como membro
se queres com membros à frente de toda a gente nesta arena
golpe fatal – direita extrema
a rachar-te o capacete c’uma marreta
aqui a peste é neutra
esmaga-te a cabeça
salta, vem para a sombra
juro que vale a pena ter algemas
engole a chave, dormência!
até lá faz o monstro rodar
ya, roda meu filho
este brilho faz-me escravo
foi bom ver-te a crescer e a educares-me
orgulho de ser pisado pelos teus primeiros p-ssos de fama
em fase mundana que ‘tás: pax romana
deus abriu a mão a coliseu e deu-lhe ‘show’
com ódio de adolfo fez-se fogo na lareira
corpo aqui é lenha
que venha uma alma a pôr o avatar a ocupar a cruz
da ilusão de um salvador à carne

[refrão]
eu já vi essa história
roma formato coma, inglória
bem-vindo ao loop embora o cenário mude
a césar o que é de césar
e eu só tenho amor de bicho
todos os caminhos levam a roma
e roma levou-me a isto

eu já vi essa história
roma formato coma, inglória
bem-vindo ao loop embora o cenário mude
a césar o que é de césar
e eu só tenho amor de bicho
todos os caminhos levam a roma
e roma levou-me a…

[verso 2]
declínio fermenta com o tirano a aquecer o forno
diabo fica no ventre até crescer o corno
ver roma a arder é tipo ver um p-rno
cabeça quente, coração a arrefecer
permanecer um morno
e um dia tudo é cinza…
e digam-me!
como é que partir disso fazem um castelo bélico com vida?
cada um c’a sua pedra, pr-ntos a montar o império da guerra
flecha na tua flesh
isto é um flash ou uma quebra, tipo que algo invisível mexe?
ah és!?
filho de quem?
agora deus já desce?
agora pisa o solo dos meus pés?
respira o meu ar também!?
dá ordens e impõe a lei?
dá coroa de espinhos ao rei?
hoje paredes expressam -rg-smos em formato de spray opaco
(linda expressão ou não?)
imperadores sem cara e máscaras no desfile é factor eliminatório
para dar novo estilo ao ódio
e é nesta atmosfera que eu destilo (óptimo)
como um lagarto numa garrafa
(sócio) aqui a vida não vale nada
continuo o mesmo selvagem mas com munições e cálculos
mas também com distracções até mesmo entre dois espectáculos
eu sou o que diz “não” e sigo
caminho involutivo à base de pão e circo
sou o meu vão instinto, foda-se

[outro]
inconsciente n’um carrossel de merda
feira abandonada
por mais que queira, não amo nada
esta vida é tão falsa
(“e a c-ssete ‘tá estragada, a c-ssete ‘tá estragada
a c-ssete ‘tá estragada” )

- tilt orteum

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