letra de testamento de um gaúcho - teixeirinha
eu não sei mesmo quando é que vou morrer
pois não se sabe a hora, nem o momento
e por saber que a morte não tem dia
já vou deixando pr-ntinho meu testamento
meu testamento de morte é este xote
e o ‘meus’ parente que preste bem atenção
: põe este pinho, meu amigo e companheiro
junto de mim, dentro do mesmo caixão :
[falado]
“quero levar o violão comigo. depois de morto ainda vou fazer serenata! ê, barbaridade!”
por ser gaúcho, muito homem e mulherengo
a ‘minhas’ mão não amarre com uma fita
eu quero elas ‘amarrada’ com a trança
da cabecinha duma chinoca bonita
esta chinoca bonita é uma serrana
diga a esta china, não quero choro, nem vela
: e a maneira da mortalha que escolhi
eu quero ir enrolado na saia dela :
[falado]
“é coisa boa a gente morrer, ir pra baixo do chão, mas ir bem enrolado na saia duma chinoca bonita!”
pois gostar tanto de mulher não é defeito
isto herança que meu velho pai deixou
o ‘meus’ parente, c-mprindo meu testamento
muito feliz, quando a morte vir, eu vou
não pode haver coisa melhor pr’um finado
ser atendido com as coisas que provoca
: e viajar para a última morada
bem enrolado na saia duma chinoca
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