letra de devolve - taz mureb
devolve, seu moço, todos os beijos que você não quis
todos os dias que a gente foi feliz
põe tudo numa sacola de pão
de um mercado qualquer e deixa aqui na portaria
devolve o cheiro no pescoço e os calafrios
seu corpo no eu corpo, os beats e os frees
devolve as rimas que eu cantei pra você pela madrugada
eu quero palavra por palavra
devolve as sensações que eu faço você sentir
devolve as inspirações que tem ao me ver sorrir
devolve, seu moço, que eu sou vingativa
eu quero tudo que é meu ou vou chorar na sua porta uma serenata
porque eu sou gata vira-lata sim
e o que será que será?
na lapa, virá que eu vi
cantando um samba prum bebum equilibrista
pra chorar minhas mágoas, não bebo cachaça, me afogo em poesias
escambos em esquinas, qualquer frio é companhia
devolve meu vinil da rita e o livro do leminski
devolve os goles de whisky e todos drinks
que você bebeu pensando em mim
aquela vez que eu fui embora
devolve todas horas que eu tive que escutar você dizendo
o quanto eu era linda, baby, isso eu sei
e sem querer errei
mas dessa vez eu quero que você devolva cada lágrima que eu deixei cair
e quando eu não estiver, aproveita e p-ssa aqui
deixa todos os olhares que trocamos
ruas que p-ssamos, sons e todos sonhos, quero tintim por tintim
pega meu coração que tu deixou largado na pracinha
vai ter que devolver e eu nem quero juros
devolve os seus nomes que eu escrevi nos muros
mas tem coisa que nem cabe mais em mim
o amor que eu te dei, se não quiser, tu pode até distribuir
licença, seu moço, me faz uma gentileza
é sempre mesmo osso atrás de toda beleza
as rugas no meu rosto eu vou deixar de cortesia
e os anos de amizade eu vou deixar de gorjeta
o amor é mesmo uma coisa estranha, baby
quanto mais se dá, mais você ganha, baby
pensando por esse aspecto, te deixei milionário
e ainda faço esse rap com style gangsta lady
e nem faço questão de algo -ssim tão óbvio
te dei tudo que tenho menos meu amor próprio
os mistérios da minha mente, todo meu caleidoscópio
bota lá na sua estante, como se fosse um zoológico
pra você admirar, naqueles dias mórbidos
que você vai lembrar que a gente era tão próximo
eu sei que tudo tem o seu valor, mas hoje em dia
eu acho que o amor virou mercadoria
e eu sou só uma andorinha, menina, nos pesque-pagues da vida
onde pessoas são máscaras e corpos são carcaças
então aproveita que ainda é de graça
o melhor do amor é que uma hora ele p-ssa
então deixa eu voar, devolve minhas asas
devolve meu lar, sem você é só uma casa
devolve meus erros, minhas falhas, cada mágoa que te fiz chorar
devolve aquele dia na praia, que a gente não parava de se olhar
e eu sei que mereço, devolve minha alma
e toda vez que te deixei sem graça, sem pensar
devolve minha liberdade, minhas escolhas
meus direitos de ir e vir e se eu quiser, até voltar
devolve, seu moço, a paz no almoço que você me dava
a mesa bem posta, as crianças na sala
amar é só pra quem se envolve
mas se acabar (se acabar) no mínimo devolve
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