letra de onde crescemos - subtil
se nada na vida é por acaso, isto é o meu caso sério
se eu sentir que ela me sente eu caso a sério
vamos os dois expandir o espaço aéreo
criar os nossos filhos para além do hemisfério
norte, sul, não há sorte sem bule
ninguém construiu o forte p’ra ver o céu azul
nem todos somos iguais, nem todos estão a mais
e nem todos os pais são pais do saúl
respirei fundo, engasguei-me para!
não dá p’ra respirar de alívio com essa cara
respirar fundo é tão fundo que ninguém repara
quando é que o inimigo se mascara
muitos rezam para que os meus dias se esgotem
p’ra que muitos dos que foram nunca voltem
conheço muitos que nem têm atitude de homem
suficiente p’ra correr pelo que comem
eu deixo à distância, escolho os meus a dedo
não toco com ignorância só mexo nas de verde
aqui a proteína está em acordar cedo
e treinar todos os dias a forma de enfrentar o medo
na rua onde crescemos não havia nada
meia dúzia de gatos pingados, uma dúzias de ratos
e depois de uma infância complicada
vem uma estrada cheia de buracos
x2
mas a família dá-nos força por mais que deus não ouça
o meu recado
eu já não uso força p’ra ser respeitado
já não dá p’ra dar a desculpa da idade
muito menos p’ra culpar aqueles que ficaram do meu lado
lealdade um por todos, todos por um, irmandade
humildade eu estou farto de ouvir e ficar calado
não confundas marginalidade com um homem honrado
só porque aqui não se recebe apoios do estado
onde come um comem dois, três, quatro
passei dias em jejum a fazer cardio na cidade
passei por vias que eu não idolatro
p’ra conseguir no mínimo deixar legado
juntar mais que um dízimo do ordenado
mas o piso está molhado e escorregadio
e quando eles metem um infiltrado
em menos de nada afundas o navio
na rua onde crescemos não havia nada
meia dúzia de gatos pingados, uma dúzias de ratos
e depois de uma infância complicada
vem uma estrada cheia de buracos
x2
serve e segue, mas eu não sirvo p’ra servo
alguém que me cegue, porque eu ainda leio o que escrevo
muitas das vezes que me embebedo eu sei quando não devo
beber de mais vou-vos contar um segredo
a maldição, eu bebo como o meu trisavó
a condição, acabar com o vinho que ele não acabou
a punição, eu perder-me de quem é que sou
e acabar em discussão com a pessoa que estou
eu peço desculpa, ya e vocês irritam-se
e dizem sempre desculpas não se pedem evitam-se
ya lucros, não se escondem dividem-se
muitos também não são e dizem-se
porra, entornei o vinho na toalha nova
rasguei o contrato, parti os copos
sozinho em palco apaguei os contactos
vou continuar a meter a vida nos blocos
de notas, sem notas de parte
se eu quisesse dinheiro voltava ao parque
voltava à venda a tempo inteiro
mas em primeiro está a arte
na rua onde crescemos não havia nada
meia dúzia de gatos pingados, uma dúzias de ratos
e depois de uma infância complicada
vem uma estrada cheia de buracos
x2
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