letra de a besta - subtil
nascido e criado no algas
trago a terra sempre comigo
eles vão-me ouvir quer queiram quer não
eu ‘tou munido e decidido, na paz, na guerra estou contigo
desde que seja para meter no mapa toda a região
mas eu já vi que isto aqui anda tudo ao empurrão
está tudo a querer ser o barão da festa, o patrão de orquestra
só resta a emoção de cantar letra e o refrão
mesmo que não seja desta que acabe a palestra
eu ando a treinar a mira em cada tiro da besta
até que acerte, até que ganhe ou perca
estou a dividir o cheque, não chega encher a cesta
tens que ter o amigo certo, não chega bom rap
tens que ter os dreads de perto, sentir a back
fluir o beat, ir e voltar sem perder valores
não há cores, aqui o papo é reto dê ou não dê certo
eu subo e desço e já nem sinto as dores
tragam flores, preciso de enfeitar o meu dia
a minha maneira de ser requer companhia
até que a vida se ria, até que a morte queira
eu luto e acredito a minha fé não é p-ssageira
eu ‘tou com tudo mas raramente bate certo à primeira
e primeiro que acerte estou certo que dá asneira
nunca estive tão perto de ganhar mais que bar aberto
mas só liberto as cordas vocais se for à minha maneira
já me cheira a merda, eles querem fama com um clip
tipo que tentam tudo para ver se um vídeo dá guito
eu sempre fui freak, vaguear na streat, ir ao limite
identificar-me no beat, deixá-lo repeat
alimentar o beat
eu sinto os sinais
não chega um palpite, que um gajo dita mais (?)
oiço um ruído pelos quintais numa noite que -ssopra
de porta a porta, algo para inspirar a obra
aqui a vida cobra, mais que um molho de notas
se não te esforças ficas pelo caminho
um ninho de cobras, um cantinho e sobras
cuidadinho com as man0bras ou viajas sozinho
muitos só vieram pelas gajas e pelo vinho
toda a rosa tem espinhos e eu vi muitas baixas
o p-ssado está guardado nas caixas todo arrumadinho
o meu presente é circuito fechado em todas as faixas
nunca estive desligado, não consigo estar calado
tenho aguardado porque me foi prometido
eles partilham o estado, pensam que o jogo é do meu lado
mas eu vivo concentrado com o (?) no ouvido
sei quem esteve comigo na altura do perigo, na altura do artrito
em cada aventura que me tenho metido
eu estou nisto para o que der e vier, não desisto como um qualquer
se der deu, se não deu estou cá na mesma
tragam batidas porque rimas tenho à resma
e mesmo que a inspiração um dia se vá
tenho rimas num cofre e umas quantas histórias por lá
memórias de algum bar, um sonho nalgum lagar
a vontade de um ser comum de ver isto mudar
uma mudança que não chega, uma balança que não pesa
alguém que reza, mas a verdade ninguém confessa
um jantar que alguém confeciona depressa
um amanhã que proporciona mais conversa
a mim só me interessa ser eu, correr pelo meu
não tenho horas de liceu, foi a rua que me fortaleceu
tanta vez ouvi dizer isto é até queimar pneu
isto é para quem rangeu os dentes cada vez que um gajo rompeu
o ultimato é meu, o ultimato é teu
não choveu do céu, nem foi por trás do véu que apareceu
se eu não matar o beat, matem-me com ele
hoje eu mato ou morro com ele
mais um porro que me inspira, que me tira do gelo
até que o público confira e diga “talento nem vê-lo”
mas eu nunca fui por eles, nunca fui por eles
segui a calha sem falha, hoje baralho o jogo deles
espalho sangue na tarola, limpo o suor à camisola
mas nenhum p-sse me isola para fazer um golo daqueles
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