letra de quotidiano vagabundo - spasm
[verso 1]
já lá vão 17 anos só com vinho e absinto
e eu já não sinto o chão, eu finto
caminho p’ra casa igual, valeta ao meu lado
tentei atirar-me já, só p’ra ver se mato o corpo
estou morto no espírito, na corda do ponto crítico
eu já só existo aqui p’ra pôr tudo em estado de sítio
e não será fatídico quando tombar a cabeça
porque é cem por cento certo que nada aconteça
por isso, tiro a garrafa prateada do meu bolso
p’ra que arda mais um pouco d’etanol no meu pescoço
e visto a farda do mais árduo trabalho desta cidade
ser palhaço da desgraça e tipo doido abandonado
sem dinheiro p’rao cigarro, gasto no estado alterado
rosto avermelhado, a mandar tudo p’ró caralho
garrafa roubada ao lado, e espancado na cabeça
é isso, 17 anos sem que algo novo aconteça
[refrão]
a verdade… vocês sabem a verdade
a verdade… eu já estou morto p’ra vida
[verso 2]
a minha vida são factos de uma complicada
só que eu não tenho vida, não tenho nada
e a verdade… jazo com os pés no chão
p’ra saber quando deus me der o seu puxão
já lá vão 17 anos, e sem sinal do milagre
que me tire da cabeça toda esta insanidade
rogo p’ra que acabe, não peço mais nada na vida
que acabar com a própria vida neste mesmo dia
eu ria, se algum dia acontecesse isso, certo?
porque passou tanto dia sem ser só como eu quisesse
e se eu coragem tivesse, era já no precipício
só que sem colhões na vida, matá-la vai ser difícil
pois, vou optar então pela opção da cama
sem saída, agarrado ao drama da bebida branca
na branca da escrita espero sem mão querida
o meu último dia vai ser o melhor da vida
[refrão]
a verdade… vocês sabem a verdade
a verdade… eu já estou morto p’ra vida
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