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letra de torto arado - rubel

[letra de “torto arado” com rubel, luedji luna & liniker]

[verso 1: rubel]
lá bem longe o cacarejo
junto à voz de minha vó
que tanto bem escondia
debaixo da cama o seu
e o nosso passado, eu via
dentro da sua mala o pó
e a luz de uma faca fria
quase a me cegar os ói
refletiu a minha irmã
quis sentir o seu sabor
bibiana e belonísia
desabava nossa avó
fala ou te arranco a língua
sem saber que a língua estava em minha mão
[verso 2: luedji luna]
tive que ser sua boca
sua vontade, seu falar
mesmo muda, me contava
tudo através do olhar
meu sangue, minha irmã
mas pra gente como a gente
meu pai me ensinou
terra aqui só tem valor
se tem trabalho
e pro dono dessa terra
severo me ensinou
gente aqui não tem valor
só tem trabalho

[verso 3: rubel & luedji luna]
pode só casa de barro
de tijolo, nem pensar
mas severo não aceitava
e sonhava com um lugar
onde havia até escola
onde a gente ia estudar
onde o povo era dono
até do seu próprio lar
muito além de água negra
[verso 4: liniker]
se chover, meu pai não vai
sentir frio e se molhar
debaixo da terra
“como está severo?”
perguntava ana
“mas não chora, minha mãe
que eu vou te cuidar”
consolava inácio
e eu, já calejada
que já vi de tudo
mas não me acostumo
me desfiz em chuva

[refrão: rubel, luedji luna & liniker]
pra penetrar na sua boca
e carregar seu sangue
depois que o sol cair
vou cavalgar um corpo
volto a cavar a cova
torno a usar a faca

[verso 5: liniker | luedji luna | rubel & luedji luna]
meu cavalo já morreu
e o meu nome
se esqueceu
e eu, que vi de tudo
mas não me acostumo
a ver sonhos mortos
[saída: rubel, luedji luna & liniker]
dessa vez, não
dessa vez, não
dessa vez, não

- rubel

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