letra de instinto de sobrevivência - rosalia paranoia
[verso 1]
mano, a cada dia que p-ssa a coisa fica mais feia
tem gente matando gente
e essa historia de olho por olho e dente por dente, tá valendo pra todo mundo
e ganha quem tiver mais bala no pente, é foda
cê acordar de manhã e ver a notícia, que
tem mais um corpo estendido no chão
e que só falta a perícia pra levar o corpo de lá
e no outro dia de manhã antes do seu croissant e suquinho de maçã
parece que não aconteceu mais nada por lá (hahaha)
vamos sorrir, se acomodar com a situação proposta
ficar pagando pros bosta, enquanto eles viajam pela costa das ilhas cayman
e sua mãe e suas irmãs tem que se sujeitar a escutar merda de um bosta
por que cê ainda não tem condição de “guentar”
e eles fazem de tudo pra você não progredir, pra você não sorrir
só querem te limitar, e ainda acima de tudo
tão querendo que se foda pro mundo
só querem saber lá no fundo, qual a próxima bosta que eles vão apr-ntar
ou a próxima roupa que sua filhinha puta, no ano novo no guaru
cheia dos amigo “boycu”, vai querer usar
pra depois da meia noite arrancar, e nunca mais usar
mas essa era a vontade dela, né
aquela lá da zona sul, que curte todas as festinhas da favela tá ligado?
eu tô tendo que andar de skate todo dia, pra ver se as neura alivia
e às vezes uma breja antes de dormir
eu tenho pedido a deus que ilumine os dias que estão por vir
que os anjos p-ssem, digam amém, e que -ssim seja
[refrão]
o que vale na vida é tudo aquilo que se aprende
sem destino eu sigo vivo, nadando contra a corrente
que todo dia frente a frente, só pensa em nos derrubar
então lute quantas vezes for preciso pra, chegar no fim
e compreender, que só -ssim se pode ter paz
[verso 2]
o que nos contaram durante anos é o roteiro de uma história triste
na qual nós mesmos somos os personagens
e essa historia tá caminhando pra um final trágico
mas ela nos é contada de uma maneira com que tudo pareça ser muito mágico
não é demonstração de saúde ser ajustado e uma rotina doente
ninguém é mais escravo, do plano traçado
do que aquele que falsamente acredita ser livre
e realmente não vive, só tem doenças na mente
causadas por toda tortura sofrida, busca alucinada
e à frente o perigo eminente
tá pr-nto pra te atacar, descobri que no jogo me faltava pouco então eu resolvi buscar
minha fatia do bolo tá pr-nta, minha cota é em ouro e eu quero pegar
pra um fim de semana de sol bem bacana pra toda família
regado à alegria, eu poder bancar
estão todos perdidos na falsa ganância que reina aqui
comédia, internet, pivete no farol te pede:
“senhor, seu doutor, fumou logo ali ”
me deixa curtir, que eu me desligo de tudo quando entro na brisa
é que se eu volto pra minha realidade
só pensando em merda, abre a porta na certa
pra pensar em maldade e eu não quero pensar
só queria me entreter com o que me faz crescer
mas nego só de ver falta muito pra ter, já me dói de pensar
então deixa pra lá
meu espaço é esc-sso mas mesmo -ssim faço o que tem que fazer
disseram que era fácil o caminho mais curto, seus vermes imundos cês tão no poder e não conseguem nem ver
que tão fodendo com todo esse mundo só pela ganância
omitem a verdade do mundo a cada segundo, não seja injusto mas que ignorância, que discrepância com toda essa sociedade
meu instinto de sobrevivência produz consciência
e me fez enxergar que mais cedo ou mais tarde vai mudar tudo essa porra
[refrão]
o que vale na vida é tudo aquilo que se aprende
sem destino eu sigo vivo nadando contra a corrente
que todo dia frente a frente, só pensa em nos derrubar
então lute quantas vezes for preciso pra, chegar no fim
e compreender, que só -ssim se pode ter paz
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