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letra de a volta pra casa - rincon sapiência

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[intro]
rincon sapiência
conhecido também como manicongo, certo?
eis aqui mais uma canção dedicada a toda cl-sse trabalhadora
tão cansativa como a rotina de trabalho
é aquele longo trajeto de ir e vir
vamo nessa!

[verso 1]
trabalhadora voltando pra casa
perguntando pra deus: “por que não tenho asas?”
pra voar pelos ares e voltar para o lar
a real, ônibus cheio dói só de pensar
na bolsa um livro novo, não tem condição
leitura na multidão, frustração
nove horas o trabalho é bem mais suave
que as duas horas balançando na condução
o dia inteiro dando duro
uma volta cansativa, ainda desce bem no ponto mais escuro
a violência subindo de nível
do receio da solidão
a sensação da mulher é horrível
ela caminha, semblante preocupado
escuridão, o bar da rua se encontra fechado
quanto vale uma vida? pensa no seu pivete
na bolsa tem a bíblia, também tem canivete
faça o bem que o bem vai te merecer
mas ela sabe que o pior pode acontecer
na madrugada pelo bairro impera o sono
holofote quebrado, matagal, abandono
se ela atrasa, seu dinheiro será descontado
e a firma, ao menos, oferece o ônibus fretado
e a sua mente, quente, como brasa
só vai relaxar quando entrar dentro de casa

[refrão]
é hora de voltar pra casa
trabalhador só quer chegar bem
infelizmente não tem asas
e precisa da ruas, e das linhas do trem
a condução está tão cara
conforto é o que não tem
mas o trabalhador encara essa rotina
sem nunca depender de ninguém

[verso 2]
da casa pro trampo, do trampo pra faculdade
o corpo exausto, apesar da pouca idade
sem novidade, a mesmice na rota
tentando ser um bom funcionário com boas notas
trabalhar, estudar, nem sempre se encaixa
nem mesmo no fim da aula o aluno relaxa
pensa na volta, no clima lá fora
o metrô não funciona por 24 horas
logo vem na mente os lençóis
e o busão vai parando nos pontos e nos faróis
é feroz esse desafio
manhã, tarde ou noite, é raro um busão vazio
ele se adianta, violência espanta
sua família ansiosa o espera pra janta
a madruga é tensa quando um estouro canta
a mãe já pensa coisas, dá um nó na garganta
ow, perigo em todos os lados
quanto mais dinheiro, vivem mais isolados
a violência na cidade tem se espalhado
se isola mais ainda quem tem um carro blindado
andando com cuidado, os p-ssos apertados
receio de sofrer abuso de um homem fardado
chegando em casa, ele se sente mais aliviado
é recebido com o calor de um abraço apertado, ow

[refrão]
é hora de voltar pra casa
trabalhador, só quer chegar bem
infelizmente não tem asas
e precisa da ruas e das linhas do trem
a condução está tão cara
conforto é algo o que não tem
mas o trabalhador encara essa rotina
sem nunca depender de ninguém

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