letra de literatura da favela - rappek
periferia só acorda com barulho de sirene
pela fresta da janela zé povinho está contente
se anima com a notícia que um fulano morreu
só porque o cara pá, tinha um carro melhor que o seu
se fodeu! a vida continua igual
seu único alimento é bolacha água e sal
o menino no farol ainda pede esmola
se o trocado não vier, ele ameaça com a pistola
de 100 por cento de sorte, 99 é morte
os fracos não tem vez, só sobrevivem os fortes
latrocínio, homicídio é um mal que aqui se fez
lá no beco, logo cedo, uma pá de “chinês”
tô de rolê na quebrada, as patricinha se acha
e os malandro se racha quando a viatura p-ssa
não pega nada, aqui não arruma nada
revista e não registra, sem b.o nem enquadra
sou mente criminal roubando a atenção
favela agora é moda no jornal, televisão
e o ator ganha um oscar pela encenação
quero ver vida real, neguin pagar de ladrão
pode me chamar de louco, isso é pouco, vai por mim
só se esqueceram que van gogh era chamado -ssim
não confio na minha sombra, quem dirá em alguém
se jesus foi confiar e judas o traiu também
o clima é tenso, uma guerra
nessa selva de pedra, pago os pecados na terra
e nesse filme de terror, stephen king não escreveu
o demônio opressor de mussolini reviveu
reencarnou no presidente que abusa do poder
vietnã, depois iraque, quantos mais irão morrer?
interesse político segue a sina do m-ssacre
-ssim com a miséria que av-ssala no acre
então, esse é o imp-sse, holocausto urbano
traficante cobra a fita e o gambé p-ssa um pano
heresias atuais, é o falso marginal
inserindo um novo vírus no convívio social
a nossa juventude está rumo a decadência
iludida pelo crime, incentivando a violência
motivando as aparências, roubando a inocência
brasil, glórias mil, só restou condolências …
tá ligado no que eu digo, eu conheço o inimigo
vai levando os meus manos nessa profissão perigo
o sistema quis -ssim, ninguém vai se importar
pois eu sei que o pior cego é o que não quer enxergar
nos deram ódio pra roubar e drogas pra vender
nos deram armas pra matar e motivos pra morrer
não posso mais sorrir, mentir na oração
se o desejo é de glória, sem pensar no seu irmão
isso corrói o coração, envenena a mente
abala seu emocional e o seu subconsciente
ver toda essa gente e ninguém te compreende
o tempo p-ssa voando e tudo muda de repente
essa ideia é quente, é a fita, o papo certo
o brown disse, -ssimilei, nem sempre é bom ser esperto
estou preso à tudo aquilo que você mais odeia
cemitério, caixão, 2 por 2 na cadeia
abraçando mente fraca igual na santa ceia
é pânico na pista e o dp incendeia
na madruga, lua cheia, o mal está na espreita
na fissura até os ossos é só tiro de escopeta
procuro e não encontro, mas batalho igual o chris
corro atrás do meu futuro, vou atrás de ser feliz
só que essa liberdade exige sacrifício
ao ver toda a humanidade jogando a vida no lixo
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