letra de rap do ônibus - projota
as pernas doem e o suor escorre
e veem no rosto pálido de um homem que não é ninguém
vai trabalhar, guerreiro, vai trabalhar, bem!
mais um dia comum na nossa vida comum, com fé
senhor, nos leve pra onde quiser
proteja nossos corpos e nos mantenha de pé
que eu possa entrar e sair vivo de um metrô na sé
seria engraçado se não fosse desesperador
aos olhos de quem me governa, é esse o meu valor
sardinhas enlatadas são jogadas ao relento
folhas secas sem vida vão levadas pelo vento
a raiva toma conta, muita treta, normal
nasce agora um -ss-ssino serial
prefeito que dá o aval, avisa já pra geral
“economiza porque o buzo vai subir mais um real”
meia dúzia na rua derruba buzo, incendeia
alguns sem vê, sem nada, abusam e só falam da vida alheia
mas a cidade tá cheia
quanto mais gente, mais impostos, mais lucro pros líderes da aldeia
me diz quem tem que acordar -ssim… (é nóiz!)
me diz quem tem que acordar -ssim… (é nóiz!)
me diz quem tem que acordar -ssim… (é nóiz!)
me diz quem tem que acordar -ssim… (é nóiz!)
ô, cobrador, deixa os menino p-ssar
vou sofrer uma hora e meia e ainda tenho que pagar
libera ae, porque tá caro pra caralho
e eu não achei meu dinheiro na bosta, deu mó trabalho
cuidado onde pisa, pois pode ser meu pé
cuidado onde alisa, pode ser minha mulher
veja quem manifesta, o exército de zé
cuidado com o que testa, pois pode ser minha fé
meu povo quer ver melhorar
porque dá mais trabalho chegar no trabalho do que trabalhar
mais tarde, quando você ver o pivete roubar
é porque o pai dele tava no buzão em vez de tá lá pra educar
meu povo tá cansado, já nem se queixa mais
se vê acostumado e vive essa guerra em paz
meu povo sente fome, tem que ganhar dinheiro
pra isso precisa ser o que não quer o dia inteiro
hoje eu vô pular catraca, na moral
não vou pagar dois e pouco num serviço que não vale um real
tem um pilantra comprando iate, enquanto a gente se bate
pra pagar pra ele à vista a ceia de natal
(navio negreiro hoje não difere cor…)
amontoa e leva pra lavoura qualquer trabalhador
as mãos cansadas penduradas na barra
de uma gente que chora, mas nunca perderá a sua garra
são paulo é uma cadeia? faço a rebelião
queimar colchão pra ver se alguém melhora a situação
ninguém se move, ninguém se machucará, então
enquanto isso eu vou cantando no buzão, -ssim…
me diz quem tem que acordar -ssim… (é nóiz!)
me diz quem tem que acordar -ssim… (é nóiz!)
me diz quem tem que acordar -ssim… (é nóiz!)
me diz quem tem que acordar -ssim… (é nóiz!)
ô, cobrador, deixa os menino p-ssar
vou sofrer uma hora e meia e ainda tenho que pagar
libera ae, porque tá caro pra caralho
e eu não achei meu dinheiro na bosta, deu mó trabalho
letras aleatórias
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