letra de quando a música acaba - pródigo & víruz
[verso 1: pródigo]
imagina daqui a anos quando tiveres na casa dos oitenta
vais morar numa vivenda? numa fazenda?
vais preocupar-te com a renda, soltar a nota
ser chamado de cota pelos putos que agora gozam
as dores, doenças, com as roupas e rugas
com o velho estilo tuga, cabelo grisalho, ténis puma
“vais”, olhar pa trás, sentir orgulho do que deixaste?
do rapaz que criaste? à tua imagem moldaste
“mas”, eu só rezo pa fazer aquilo que desejo
poder metê-lo num bom colégio pa ser aluno do ano
ganhar o meu money limpo, sem estrilho
sentir orgulho de qualquer coisa que eu tenha escrito, entretanto
o mundo gira à volta do guito tipo lisa minelli
e no planeta não há ninguém que não erre como kelly
espero não cair na malha da justiça como larry flint
medalha de ouro no sprint
sentir saudades das semanas hiphop do ritz
das mixtapes do kronic quando diziam f-ck blitz…
nunca entenderam os nossos beats, crocantes como crispix
críticos metem a penca em tudo como vix
vapo spray, man, são tão g-ys
tipo o jn, atacou-nos por causa de 50 papeis
faço gravatas, sufocam desdos dezasseis
eles não conseguem prender os meus decibéis
[refrão]
quando a música acaba, pulsação pára
corpo ignora a vida que batia na carcaça
informação passa-a, pós teus filhos, pá tua c-n-lha
deixa a marca numa malha, quando a idade já não perdoa
[verso 2: víruz]
quando a música acaba mas a mulher gorda não canta
o corpo ainda aguenta mais umas horas fora da cama
o cérebro ainda pensa, ainda sabes como te chamas
e não consegues esquecer que vais morrer no próximo fim-de-semana
é disso que tenho medo, sentir-me preso ou cansado
ao subir as escadas do prédio onde moro já reformado
“vou”, sentir saudades de amigos que entretanto partiram
pensar que tantas vezes falamos de cancro e não ouviram…
uma família, o velho víruz com netos os filhos
esposa e velhos discos, orientar algum guito
não me importava de ser rico, com um brilhozinho nos olhos
como sérgio godinho e não ter de pagar o fisco
“fico”, para morrer tarde, deixar saudades como o fernando peça
passar os noventa sem problemas de impotência
sem alzheimer a foder-me a cabeça
não me sentir a mais como diferença quando não suportarem a minha presença
vão dizer que este espaço não é nosso como olivença
mas eu vi o hiphop crescer e entrar em decadência
as estrelas queriam brilhar e sacrificaram a essência
venderam raios de luz em troca de uma aparência
vou de cabeça erguida, consciência tranquila
como polígrafo sem mentira, deixo o legado á família
valioso na saída, ouro e platina em cada rima
repetida em cada esquina, vai ser minha obra prima
[refrão]
quando a música acaba, pulsação pára
corpo ignora a vida que batia na carcaça
informação passa-a, pós teus filhos, pá tua c-n-lha
deixa a marca numa malha, quando a idade já não perdoa
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