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letra de paragem de autobarro - pi (ponto de interrogação)

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[verso]
dentro do sonho, vivi contigo, via-te em cada concerto
sem que tu visses que p’ra nós deixou de haver conserto
se consertar é acertar, nunca fiz o certo
eu nunca fiz o certo…
só pedi que tu me visses para além do público
que não nos tivéssemos tornado neste ciclo cúbico
que não me tivesse transformado numa espécie de súbdito
subitamente o fim chegou e fiquei escrava do teu posto
saí do trono p’ra ver o povo a celebrar o meu desgosto
pergunta se ainda gosto, estrela
sem trela, faltaste à estreia
eu saí p’ra ver o filme
que ensaiaste sobre a cegueira
larga-me a tua fronteira
de mim não viste nada
é que o binóculo do teu ego é treinador de bancada
como é que eu nunca vi que tens a vista turva?
desculpa… a culpa não morreu solteira, ela morreu viúva
mata-me
mata-me e esconde-me naquele canto em que tu nunca passas
e esconde-te a ti própria por detrás das passas
eu ouço a tua voz até quando te passas
dá-me 12 passas, hoje sou cristo do desejo
então mata-me, que eu ressuscito
e tu aplaudes no cortejo
não há festejo aqui
antes de apontar-te a arma tenho que olhar p’ra mim
quis construir a nossa casa começando pelo tecto
e sem ser materialista, tratei-te como objecto
meu objecto de estudo… tu eras tudo
e o diagnóstico ficou claro: queria despir-te o escudo
queria despir-te a capa, queria despir-te a pele
e em cada arrancada eu sei que fui cruel
só por querer a tua verdade crua
sem ver que a verdade foi que tive sempre medo que me visses nua
somos iguais
eu obrigava-te a ouvir o meu conselho
sem ver que a raiva irreflectida era o reflexo do meu espelho
sinto-me um velho
traumatizado pela guerra a querer tratados de paz
com quem o trata como merda
foste uma perda…
de tempo!

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